E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. (ATOS 1.4)


Além deste tema, outro assunto em particular encontrou lugar de destaque nas instruções de Jesus: os apóstolos não deveriam sair de Jerusalém, mas aguardar o dom do Espírito Santo, a promessa que o Senhor lhes fizera, a saber, a dádiva que viria do Pai (cp. Isaías 32.15; Joel 2.28-32; Atos 2.33, 39; Gálatas 3.14; Efésios 1.13, e quanto ao ensino de Jesus, Mateus 10.20; João 14.16s., 25; 15.26; 16.7s., 13-15). Em NIV, os versículos 4 e 5 parecem referir-se a algo que Jesus havia dito numa ocasião específica, o que pode ser real.
É possível que tenhamos nesses versículos um lembrete do último encontro que tiveram com o Senhor (cp. vv. 6-8; Lucas 24.48s.). Contudo, no grego o uso do particípio presente sugere, em vez disso, que a referência se aplica a várias ocasiões em que estiveram reunidos, nas quais essas instruções foram dadas (cp. João 20.22). Fica bem claro que para Jesus era questão de suma importância que os discípulos estivessem prontos para receber o dom que o Pai lhes havia prometido. O fato de os discípulos estarem prontos, e haverem expressado essa prontidão pela oração cheia de expectativa, pode ter sido a condição que lhes possibilitou receber o dom do Espírito. Parece que o local também tinha grande importância. A tendência dos discípulos teria sido voltar à
Galiléia (veja João 21), mas Jesus enfatizou que deveriam permanecer em Jerusalém — depois de ter dado mandamentos... ordenou-lhes (vv. 2, 4);
no grego há um verbo que Lucas emprega com freqüência quando quer dar
ênfase especial. No entanto, não sabemos por que Jerusalém; sabemos,
porém, que Isaías havia falado de um novo ensino que procederia dessa
cidade, e de uma nova obediência que se seguiria (Isaías 2.3), e tudo quanto se profetizou veio a cumprir-se. Seja como for, havia algo bem apropriado em o dom do Pai ser concedido naquele mesmo lugar onde, bem pouco tempo atrás, um povo rebelde e desobediente havia sentenciado Jesus à pena de morte (cp. 7.51; Neemias 9.26). E aqui, evidentemente, um maior número de pessoas haveria de receber o testemunho inicial dos apóstolos a respeito de Cristo.


Extraído do livro "NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO CONTEPORÂNIO - ATOS" (de David J. Williams)