domingo, 24 de abril de 2016

"E será que antes que clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei" (Isaías 65.24).

Deus está acima de tudo e de todos e sabe como deve proceder em cada caso. Precisamos entender e aceitar a soberania de Deus em relação à nossa vida e a de todas as pessoas.

A Palavra de Deus diz que:
  • Deus é antes de todas as coisas (Cl 1.17);
  • Deus criou todas as coisas (Cl 1.16);
  • Deus sustenta todas as coisas (Hb 1.3);
  • Deus sabe todas as coisas (Is 46.10);
  • Deus pode todas as coisas (Lc 1.37).
Logo, precisamos entender que Deus está sempre um passo à frente de nossa vida e de nossos problemas. Antes de  necessitarmos de qualquer coisa, Deus já sabe disso, o salmista Davi disse:
"Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces" (Sl 139.4).

Antes de clamarmos, Deus já está presente, o salmista Davi sabia disso quando disse:
"Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor" (Sl 34.15).

É isso que a Bíblia declara:
"E será que antes que clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei" (Isaías 65.24).
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15
Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. Salmos 34:15

terça-feira, 19 de abril de 2016

Lição 5 – A Maravilhosa Graça

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 6.1–12

TEXTO ÁUREO: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça" (Rm 6.14).

INTRODUÇÃO

No capítulo anterior o apóstolo discorre sobre a justificação e a graça encontrada em Cristo Jesus. No capítulo estudado nesta lição, o apóstolo continua o assunto falando agora da eficácia da graça provida por Deus, através de Jesus Cristo. Expõe ao povo sobre a nulidade de viver nos rudimentos da velha doutrina, e desafia-o a viver uma nova vida para Deus, ofertando seus membros como instrumentos de justiça. Até aqui temos visto que o homem é salvo pela graça de Deus, sem as obras da lei. O capítulo 6 de Romanos mostra que a vida cristã requer santidade e um coração puro. A graça não significa que o cristão esteja isento de suas responsabilidades diante de Deus, da Igreja e da sociedade. Há incompatibilidade entre o cristão e o pecado. Esse é o tema desta lição.

I – OS INIMIGOS DA GRAÇA

1. Antinomismo. O Antinomismo gr. Anti: contra; Nomos: lei, literalmente contra a Lei ou contra o sistema da Lei. É uma das heresias mais antigas da História da Igreja. Em Rm 5.20,21 Paulo diz: “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” O apóstolo tinha propriedade para falar sobre a privação daqueles que estavam debaixo da lei. Certamente ele tinha em mente a rejeição de Jesus pelos judeus, além de o terem entregado aos romanos para ser crucificado. E o próprio Paulo, quando motivado pelo rigor da lei perseguia os cristãos, pensando estar fazendo um favor para Deus. Paulo e os judeus de sua época, pela lei, afundaram no pecado. O que disse Jesus com relação aos judeus e seus algozes, durante sua crucificação? Foram somente palavras de perdão e misericórdia “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34a). Para Paulo, no caminho de Damasco, Ele disse: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.4). A graça de Cristo superabundou para Paulo e demais judeus que creram nEle. Paulo não podia deixar de testemunhar da liberdade que ele alcançou em Cristo. Os antinomianos acreditavam que podiam viver no pecado e, ainda assim, estarem livres da condenação eterna (Rm 6.1-7; 3.7; 4.1-25). Segundo os adeptos dessa teoria, uma vez que o homem foi justificado pela fé em Cristo, nenhuma obrigação moral é necessária agora. O apóstolo os persuade: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13; Rm 6.1-3).

2. Paulo não aceita e não confirma o antinomismo. "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?" (Rm 6.1). As perguntas do apóstolo nos versículos 1 e 2 são diretamente em decorrência dos versículos 20 e 21 do capítulo anterior: “... onde o pecado abundou, superabundou a graça”. Paulo esclarece que isso não significa que devamos pecar e continuar a pecar para recebermos mais graça. Essas perguntas são o ponto de partida para esclarecer a necessidade de santificação dos crentes, para que ninguém venha confundir a graça de Deus com abuso da liberdade cristã.

3. Legalismo. Legalismo significa: Analisar sem questionar, prevalecer à ideia das leis, sem abrir opções de mudanças na mesma. Segundo este, só se adquire a salvação e a excelência moral mediante a lei mosaica. Este sistema, defendido por certos judeus cristãos em Roma, ensinava que a justificação era decorrente das obras da Lei (Rm 3.27-31; Gl 3-4). Paulo os exorta: “Nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei” (Rm 3.20). Em Romanos 6.15, o apóstolo tem em mente o judeu legalista, quando pergunta: "Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!"

II – A VITÓRIA DA GRAÇA

1. A graça destrói o domínio do pecado. "Sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6). Precisamos observar duas coisas nesse versículo:
1ª O velho homem crucificado (v.6a). Não confundir com Gálatas 5.24: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”, pois, no v.6, o apóstolo fala de algo que já nos aconteceu, enquanto que, em Gálatas, ele fala de algo que acontece com todos os que são crucificados com Cristo. A primeira (v.6a) fala de morte definitiva, legal — cravado, abolido legalmente —, e é algo passado; enquanto que a segunda diz respeito à morte moral, que é contínua, repetitiva. Essa morte espiritual do cristão, com respeito à santidade, é morte para o pecado; e a de Gálatas 5.24 é a mortificação do “eu”.
2ª Desfeito o corpo do pecado (v.6b). Essa expressão, usada pelo apóstolo, denota a natureza pecaminosa que se exterioriza por meio do corpo. O pecado foi abolido legalmente na morte de Cristo, e com Ele, morremos (2 Co 5.14). Diante disso não há como servir a um tirano destronado nem obedecer a um sistema caído. A palavra grega para “desfeito” tem o sentido de “vencido, dominado” e não destruído. A expressão: “A fim de que não sirvamos mais ao pecado”, assinala o propósito de tudo isso. Ou seja: devemos servir unicamente a Cristo, que é o nosso Senhor.

2. A graça destrói o reinado da morte. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23). Pecado é tudo o que é contrário ao que DEUS quer (sua vontade) e ao que o Senhor disse sua Palavra. Quem trabalha para o pecado (senhor, patrão), receberá como salário a morte. Que o Deus nos guarde, afinal, o pecado escondido é revelado pela santidade de DEUS e punido por sua perfeita justiça.

3. A graça e os efeitos do pecado. O pecado nos separa de Deus: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2). Todavia a graça de Deus (Jesus) se manifestou nos dando acesso ao Pai: “Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens” (Tt 2.11). Deus enviou a graça (Jesus) para morrer por todos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
     
III – OS FRUTOS DA GRAÇA

1. A graça liberta. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.14). A salvação pela graça traz como resultado a santificação (1 Co 6.11). “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal” (Rm 6.12), implica viver em retidão moral, de maneira irrepreensível e inculpável no meio de uma geração perversa e corrompida (Fp 2.15; Cl 1.22; 1 Ts 2.10). Jesus disse que o pecado escraviza: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo 8.34).  Somente a graça seria capaz de desfazer o domínio do pecado: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22).

2. Exigências da graça. "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.11). A expressão “vivos para Deus” significa viver em santidade. A santificação é um dos aspectos da salvação, bem como a justificação e regeneração (1 Co 6.11; Tt 3.5-7). O termo original grego, hagiasmos, “santificação”, significa “separar do mundo, apartar-se do pecado, consagrar”. Pois, sem santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

3. A graça santifica. "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22). A palavra "santificação" significa "separação". A graça de Deus (Jesus) nos separou para Ele. A santificação aparece aqui nesse texto como um fruto da graça. Tendes o vosso fruto para a santificação. Em outras palavras: "a recompensa que recebemos é a santificação" (Rm 6.22) — e este é, de fato, o assunto da presente seção da epístola (capítulos 6-8). Os que foram justificados estão agora sendo santificados; se um homem não está sendo santificado, não há razão para crer que foi justificado.

CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que a graça de Deus é imensurável. Ela inspira e cultiva. Santifica e transforma. Tudo isso vai muito além do que a lei confere, tornando a salvação da alma um empreendimento divino, embora, mediante a fé, seja necessária uma resposta positiva do homem (Ef 2.8-10).

REFERÊNCIAS:

ARRINGTON, French L. et STRONDSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BALL, Charles Fergunson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1998.
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica Fácil e Descomplicada – Como interpretar a Bíblia de maneira fácil e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Vida, 1998.
CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como Servir Melhor a Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
_____. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 8ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Dicionário Barsa. São Paulo: Barsa Planeta, 2008.
ESEQUIAS, Soares. Manual de Apologética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
ESEQUIAS, Soares. Romanos — O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 1998.
GABY, Wagner Tadeu dos Santos. As doenças do Século. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Bíblica Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
_____. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do Crente. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 2016.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
LIRA, Eliezer. Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2006.
LOPES, Hernandes Dias. Romanos – O Evangelho Segundo Paulo. São Paulo: Hagnos, 2010.
MACARTHUR, John. Romanos: Estudos Bíblicos de Jonh MacArthur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2016.
RENOVATO, Elinaldo. Deus e a Bíblia. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
_____.  Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
TRASK, Thomas E.; GOODALL, Waide I. Um retorno à Vida Santificada. In: De volta para a Palavra: Um chamado à autoridade da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Homenagem ao nosso aniversário de casamento

Dia 29 fazemos um ano de casados.

1 ano = 12 meses;

12 meses = 52 semanas;

60 semanas = 365 dias;

365 dias = 8.760 horas;

8.760 horas = 525.600 minutos;

525.600 minutos = 31.536.000 segundos;

31.536.000 segundos = 31.536.000.000 milésimos de segundos.

Te amei ontem, te amo hoje, e te amarei amanhã. Enfim, hoje, te amo mais que ontem, e, menos que amanhã.

domingo, 17 de abril de 2016

Lição 4 – Os Benefícios Da Justificação

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 5.1–12

TEXTO ÁUREO: "Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8).

INTRODUÇÃO

Nesta lição, vamos estudar o capítulo 5 de Romanos, que trata dos frutos ou benefícios da justificação. Justificação é o grande tema da Epístola aos romanos; aliás, o grande tema do cristianismo, o núcleo, a essência do cristianismo. Sem a Justificação a Igreja cai. Em Rm 1.18-3.20, Paulo defende a tese da necessidade absoluta da justificação pela fé, uma vez que se julgado pelas obras o homem está irremediavelmente perdido, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Do capítulo 3.21 ao capítulo 4.25, Paulo vai argumenta como essa justificação aconteceu em Cristo Jesus: não foi pelas obras, foi pela graça; não foi por merecimento nosso, foi pelos méritos de Cristo; não é por aquilo que fazemos para Deus, mas por aquilo que Deus fez por nós. A justificação, portanto, é um ato exclusivo de Deus (Rm 3.21-31). No capítulo 5, o apóstolo Paulo avança em sua argumentação em favor da justificação pela fé ao tratar acerca dos benefícios que ela traz para a vida do cristão. Paulo mostra os benefícios que emanam da justificação quanto ao passado, presente e futuro. Todos os que têm esta nova vida em Cristo estão livres da ira vindoura (capítulo 5), livres do pecado (capítulo 6), livres da lei (capítulo 7) e livres da morte eterna (capítulo 8). Para Paulo, a justificação não significa somente perdão e absolvição da culpa do pecado; também traz dentro de si a esperança da glória de Deus (Rm 5.2) e a promessa da salvação final (Rm 5.9,10). Temos mais que os benefícios atuais da justificação; nossa atenção é dirigida para seu resultado final. A ênfase do capítulo 5 é a glória futura, é a vida eterna com Deus, é a nossa glorificação, a nossa salvação final.

I – A BÊNÇÃO DA GRAÇA JUSTIFICADORA (Rm 5.1-5)

1. A bênção da paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Observe que o texto fala de “Paz com Deus”, não “Paz de Deus” (Fp 4.7). A “Paz com Deus” é uma bênção ligada ao passado; trata-se de algo que já aconteceu, é a paz da reconciliação com Deus. É diferente da Paz de Deus que Paulo fala em Fp 4.7. Esta pode denotar a paz que Deus mesmo usufrui ou a paz que ele inspira no coração de seus filhos. Esta Paz é um sentimento, que pode estar com tanque cheio hoje e pode estar com o tanque vazio amanhã. Você pode estar com uma gostosa Paz de Deus hoje e amanhã você pode estar num vale de muito aperto, de muita angústia, precisando da Paz de Deus no seu coração. Mas, a Paz com Deus não sofre variação, porque a Paz com Deus não é um sentimento, é um estado, o estado objetivo de estar em paz em vez de estar em inimizade. A “Paz com Deus”, portanto, não é uma mudança em nossos sentimentos, mas uma modificação no relacionamento de Deus conosco. Por intermédio do sacrifício de Cristo, a barreira que nos separava de Deus foi destruída. Não somos mais filhos da sua ira, mas filhos do seu amor. O pecado consumou uma ruptura, mas Jesus Cristo veio para restabelecer a comunicação suspensa. A Obra de Cristo removeu todas as causas de inimizade entre nossa alma e Deus. Por meio da graça, deixamos de ser inimigos de Deus e nos tornamos seus amigos. Todas as religiões se esforçam para reconciliar o homem com Deus. Contudo, essa reconciliação, não é fruto do esforço que o homem faz, mas do sacrifício que Cristo fez. Pela morte de Cristo fomos reconciliados com Deus. Não somos mais réus nem inimigos de Deus. Agora temos Paz com Deus. Esta é uma grande bênção da graça justificadora.

2. A bênção de esperar em Deus. “por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça...” (Rm 5.2). Se a Paz com Deus é uma bênção passada, consumada no ato de nossa justificação, o acesso à graça da justificação é um privilégio presente e contínuo. Trata-se de uma condição permanente e inabalável, que se origina de uma ação realizada no passado. Os judeus eram separados da presença de Deus pelo véu do templo, e os gentios eram isolados pelo muro externo do templo. No entanto, quando Jesus morreu, rasgou o véu (Lc 23.45) e destruiu o muro (Ef 2.14). Em Cristo, judeus e gentios que creem têm Acesso a Deus. Agora, somos tão queridos e próximos de Deus quanto o próprio Filho amado. O Pai estende seu cetro de ouro para nós e nos recebe como filhos, e não como forasteiros.
A palavra “acesso”, em Romanos 5.2, na língua grega, tinha três significados:
1º alguém entrando na presença da realeza, no palácio do Rei. Nós, agora, temos acesso à sala do trono. Você pode ser feio, você pode ser bonito; você pode ser velho, você pode ser jovem; você pode ser rico, você pode ser pobre; você pode ser doutor, você pode ser analfabeto. Não importa, você agora tem livre acesso ao trono do Rei. Você, agora, entra na presença do Rei não é pelos atributos secundários que você tem. Você, agora, entra na presença do Rei porque você é filho do Rei.
2º alguém entrando no templo para adorar. Deus não habita em casa humanas, feita por mãos humanas. Deus é Espirito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Não importa que você esteja na rua, não importa que você esteja no hospital, não importa que você esteja no seu escritório de trabalho ou no seu campo de atividade, não importa se é no templo. Não importa o lugar que você esteja. Você tem, em qualquer tempo, em qualquer lugar, livre acesso à presença de Deus como adorador.
3º significava ancorar no porto, seguro. Na vida, temos muitas tempestades, mas, com certeza, podemos fincar nossas âncoras e chegar no porto, seguro, porque temos livre acesso a esta graça na qual estamos firmes.

3. A bênção de sofrer por Jesus. “... temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes...” (Rm 5.2). Esta firmeza é um complemento à fé salvadora. Ao ouvirmos pela palavra de Deus, recebemos a fé e cremos em Jesus Cristo, o que nos proporciona a justificação; depois, como resultado desta justificação, passamos a ter firmeza, ou seja, nossa fé cresce a cada dia, pois a fé é dinâmica, que deve ser acrescida continuadamente (Lc 17.5), razão pela qual Jesus a comparou ao grão de mostarda, que é a semente de maior índice relativo de crescimento entre os vegetais superiores (Mt 17.20; Lc 17.6).

II – AS BÊNÇÃOS DO AMOR TRINITÁRIO (Rm 5.5-11)

1. O amor que o Pai outorga. “... porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração...” (Rm 5.5). Aqui, Paulo menciona uma espécie de inundação do amor de Deus. Somos banhados pelo próprio ser de Deus, uma vez que Deus é amor. Assim como o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja no Pentecostes, o amor de Deus é derramado no coração daqueles que são justificados. O amor de Deus revelado a nós é algo profuso, caudaloso e abundante. Não nos é dado por medida, mas copiosamente derramado em nós. Esse sublime amor de Deus por nós, pecadores, não foi despertado pela cruz de Cristo; ao contrário, foi o amor de Deus por nós que produziu a cruz. A cruz não é a causa do amor de Deus, mas seu resultado. Esse amor não é retido em Deus, mas derramado sobre nós.

2. O amor que o Espírito distribui. “... porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5). A esperança na salvação jamais será envergonhada. Não seremos decepcionados nem descobriremos que confiamos numa ilusão. Com temos certeza disso? O texto sagrado nos responde: “porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O Espírito Santo que nos foi outorgado no momento em que cremos inunda nosso coração com essas expressões do amor eterno de Deus. Depois que recebemos o Espírito Santo, percebemos que Deus no ama. Não se trata de uma sensação vaga e mística de que “Alguém lá em cima” se preocupa com a humanidade, mas de uma convicção profunda de que um Deus pessoal nos ama de fato como indivíduos. Sob a vívida metáfora de uma chuvarada que cai sobre uma terra seca, o que o Espírito Santo faz é proporcionar-nos a consciência profunda e revigorante de que Deus nos ama.

3. O amor que o Filho realiza. “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). O Amor de Deus é provado. É procedente do Pai, operacionalizado pelo Espírito Santo e realizado pelo Filho. Você é tão especial para Deus, que ele amou você de tal maneira que deu tudo, deu a si mesmo, deu o seu único Filho (João 3.16). A prova mais eloquente desse amor é a cruz de Cristo. Pela cruz temos uma abertura ao coração de Deus e vemos que se trata de um amor que se dá e se sacrifica. Em Romanos 3.25,26, Paulo já havia provado que, na cruz, Deus revelou sua plena justiça; em Romanos 5:8, ele afirma que, na cruz, Deus revelou seu abundante amor. Portanto, a cruz de Cristo não foi um acidente, mas um apontamento de Deus desde a eternidade. Ele foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para ser o nosso substituto, representante e fiador. A cruz, sempre esteve incrustada no coração de Deus, sempre esteve diante dos olhos de Cristo. Ele jamais recuou da cruz. Ele marchou para ela como um rei caminha para a sua coroação. Portanto, o Amor de Deus não é apenas um sentimento, é uma ação. Não consiste apenas em palavras; é uma dádiva. Não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva de si mesmo. Deus deu seu Filho. Ele deu tudo, deu a si mesmo. Deus não amou aqueles que nutriam amor por ele, mas aqueles que lhe viraram as costas. Deus amou aqueles que eram inimigos. Cristo morreu no momento determinado por Deus e de acordo com seu eterno propósito (João 8.20; 12.27; 17.1; Gl 4.4; Hb 9.26).

III – AS BÊNÇÃOS DA NOVA CRIAÇÃO (Rm 5.12-21)

1. O homem em Adão. ”Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir” (Rm 5.12-14).
Na história humana o pecado foi introduzido pela queda de Adão. Sendo livre, Adão escolheu desobedecer. Conquanto tendo livre-arbítrio, tornou-se escravo do pecado e por meio do seu pecado precipitou toda a raça no estado de rebelião contra Deus. O pecado é uma conspiração contra Deus. É a transgressão da sua lei, um ato de rebeldia e desobediência a Deus.
Pelo menos em cinco ocasiões, nos versículos 15-19 do capítulo 5, a verdade de que, pelo pecado de um único homem, todos nós pecamos é repetida: "Pela ofensa de um só, morreram muitos" (5.15); "O julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação" (5.16); "Pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte" (5.17); "Por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação" (5.18) e "Pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores" (5.19).
Portanto, não apenas herdamos o pecado de Adão, mas somos como ele. O pecado tem sua origem em Adão porque estamos em Adão de modo especial, não apenas porque ele é a raiz que nos gerou, mas também porque é nosso representante e cabeça. Em Adão, todos pecaram; em Adão todos morreram. A pena de morte cai hoje sobre todos os homens não apenas porque todos pecaram como Adão, mas porque todos pecaram em Adão. Porque todos pecaram em Adão e porque o salário do pecado é a morte, a morte passou a todos os homens, uma vez que todos pecaram. Ela atinge a todos sem distinção e sem exceção; seus dedos gélidos repousam sobre ricos e pobres, reis e vassalos, servos e chefes, doutores e analfabetos, pequenos e grandes, velhos e crianças, religiosos e ateus. Não podemos nos esconder da morte. Ela será o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26).
Que tipo de morte entrou no mundo pelo pecado? A morte física, espiritual e eterna. A morte física é a separação entre a alma e o corpo (2 Co 5.8); a morte espiritual é a separação entre o ser e Deus, devido a um ato de desobediência (Rm 7.9); a morte eterna ou a "segunda morte" é a separação irremediável e eterna entre o homem e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt 10.28). Essas três modalidades de morte são consequência do pecado. O pecado é, portanto, o maior de todos os males. O pecado é pior que a pobreza, que o sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos esses males não podem afastar o homem de Deus, mas o pecado o afasta de Deus no tempo e na eternidade. O pecado é maligníssimo.

2. O homem em Cristo. “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (Rm 5.15-17).
Nestes textos, o apóstolo Paulo faz um contraste entre Adão e Cristo. Na verdade, há cinco contrastes entre Adão e Cristo nos versículos 15-21 do capítulo 5. Primeiro, o contraste entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (5.15). Segundo, o contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da obediência de Cristo (5.16). Terceiro, o contraste entre os dois reinos (5.17). Quarto, o contraste entre o "ato único" de Adão e o de Cristo (5.18,19). Quinto, o contraste entre a lei e a graça (5.20,21).
O contraste entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (Rm 5.15). Devido à transgressão do primeiro homem, morreram muitos. Trata-se, evidentemente, de uma referência aos descendentes de Adão. Nesse caso, a morte em questão pode ser tanto física quanto espiritual. Porém, o dom gratuito é mais abundante sobre muitos. Constitui a manifestação maravilhosa da graça de Deus concedida ricamente a uma raça de pecadores. É possibilitado pela graça de um só homem, Jesus Cristo. Foi uma demonstração maravilhosa de graça da sua parte morrer por suas criaturas rebeldes. Por meio de sua morte sacrificial, o dom da vida eterna é oferecido a muitos.
O contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da obediência de Cristo (Rm 5.16). Uma só transgressão de Adão trouxe julgamento inevitável e condenação. Mas, o dom gratuito de Cristo, em contrapartida, tratou de maneira eficaz das muitas ofensas, e não apenas de uma, e resultou na absolvição. Paulo ressalta as diferenças entre o pecado de Adão e o dom de Cristo, entre a destruição terrível provocada por um pecado e a graça que transcorre de muitas transgressões e, por fim, entre o veredicto de condenação e o veredicto de justificação.
O contraste entre os dois reinos (Rm 5.17). Pela transgressão de um só homem, reinou a morte, como um tirano cruel. Mas, pela abundância da graça e o dom da justiça, todos os cristãos reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Rm 5.17).
Que graça maravilhosa! Além de sermos livrados da tirania da morte, governamos como reis, desfrutando a vida presente e a vida eterna. Será que entendemos e apreciamos, de fato, o valor dessa dádiva? Vivemos, verdadeiramente, como parte da nobreza celestial, ou rastejamos no meio da escória deste mundo?
O “homem em Cristo”, símbolo da nova criação de Deus (2 Co 5.17), é justificado, obediente, dominado pela graça e dominado pela nova vida com Deus.

CONCLUSÃO

“Por que Deus permitiu que o pecado entrasse no mundo?” Resposta: por meio do sacrifício de Cristo, Deus recebeu mais glória e o homem recebeu mais bênçãos que se o pecado não tivesse entrado no mundo. Nossa condição em Cristo é melhor que jamais poderia ter sido em Adão antes da queda. Se Adão não tivesse pecado, teríamos desfrutado uma vida contínua na Terra, habitando no Jardim do Éden. Porém, não teríamos nenhuma perspectiva de nos tornar filhos remidos de Deus, herdeiros de Deus, coerdeiros com Cristo e semelhantes a Ele para sempre. Essas bênçãos foram concedidas somente mediante a Obra redentora de Jesus Cristo, nosso Senhor.

REFERÊNCIAS:

ARRINGTON, French L. et STRONDSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BALL, Charles Fergunson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1998.
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica Fácil e Descomplicada – Como interpretar a Bíblia de maneira fácil e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Vida, 1998.
CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como Servir Melhor a Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
_____. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 8ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
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ESEQUIAS, Soares. Romanos — O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 1998.
GABY, Wagner Tadeu dos Santos. As doenças do Século. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Bíblica Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
_____. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do Crente. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 2016.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
LIRA, Eliezer. Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2006.
LOPES, Hernandes Dias. Romanos – O Evangelho Segundo Paulo. São Paulo: Hagnos, 2010.
MACARTHUR, John. Romanos: Estudos Bíblicos de Jonh MacArthur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2016.
RENOVATO, Elinaldo. Deus e a Bíblia. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
_____.  Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
TRASK, Thomas E.; GOODALL, Waide I. Um retorno à Vida Santificada. In: De volta para a Palavra: Um chamado à autoridade da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

domingo, 10 de abril de 2016

Lição 3 – Justificação, Somente Pela Fé Em Jesus Cristo

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 4.17–22

TEXTO ÁUREO: "E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus" (Rm 4.20).

INTRODUÇÃO

“[...] isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença” (Rm 3.22). A justiça de Deus vem ao pecador pela fé. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença” (Rm 3.21,22). “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4 21). “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). É fato que hoje, esta doutrina é desconhecida ou mal-compreendida por muitos cristãos. Foi a questão central levantada pela Reforma Protestante do século 16, pelo Reformador Lutero. Assim como o “sola Scriptura” foi denominado o “princípio formal” da Reforma, porque a Bíblia é a fonte de onde procedem todas as autênticas doutrinas cristãs, a justificação mediante a fé é o seu “princípio material”, porque envolve a própria substância ou essência do que se deve crer para a salvação. No passado, a ausência e a incompreensão desta doutrina trouxeram muitos prejuízos como a escravidão da consciência, conceitos errados acerca de Deus e Sua justiça, comprometendo toda a Soteriologia, além de deturpar o Cristianismo. Isso mostra que ela é uma das colunas do Cristianismo. Sendo assim, compreender o verdadeiro significado dessa doutrina é algo indispensável a todo cristão.

I – A  JUSTIFICAÇÃO MANIFESTADA (Rm 3.21-26)

1. Um culpado que é inocentado. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença” (Rm 3.21,22). A justificação do pecador, mediante o sacrifício vicário de Cristo, pode ser percebida por meio de várias profecias no Antigo Testamento (Is 53.11; 45.22-25; 61.10; Jr 23.6; 33.16; Sl 85.10; Gl 3.7). Em Gênesis 3.21, por exemplo, encontramos uma nítida figura do propósito divino neste sentido. Deus cobrira graciosamente a nudez de nossos primeiros pais, Adão e Eva, após terem pecado. Outro exemplo digno de nota é o de Abraão que foi justificado por Deus somente pela fé (Gn 15.6); fato transcendental que a Bíblia confirma em Romanos 4.3. A lei mosaica não tinha a intenção de alcançar a justiça pelo esforço humano, mas de revelar a justiça de Deus (Rm 8.4; 10.4,10; At 10.39). Os sacrifícios da lei não visavam retirar os pecados, mas cobri-los temporariamente até que Cristo viesse como o sacrifício perfeito e substitutivo (Êx 12.1-23; Jo 1.29). As ordenanças, rituais, sacrifícios e princípios de vida piedosa ensinados no Antigo Testamento, embora divinamente inspirados, não podiam quitar as “dívidas” da humanidade, e muito menos, transformar o perdido pecador num justo.

2. Um prisioneiro que é libertado. No Antigo Testamento, embora o termo “justificar” tenha, às vezes, uma conotação moral ou ética, grande parte de sua ocorrência deixa evidente o aspecto forense do termo, onde uma pessoa é declarada judicialmente justa por ter uma vida coerente com as exigências da lei (Ex 23.7; Is 5.23; Dt 25.1; Pv 17.15). O sentido no Novo Testamento do termo “justificar” é mais amplo, pois se trata de uma pessoa declarada justa ante o tribunal de Deus, com base na justiça de Cristo. É importante ressaltar que o homem justificado não se torna justo, mas é declarado justo, tratando-se de duas afirmações diferentes. Um dos erros da tradição escolástica, no período pré-reforma, foi interpretar o termo “justificar” como sendo “tornar justo”. Mas, com a Reforma, Lutero reafirmou o sentido legal do termo. A justificação é o direito legal de se ter acesso e comunhão com Deus. Não se trata de uma justiça infundida no homem.

3. Um inocente que é culpado. “Ao qual Deus propôs para propiciação no seu sangue” (Rm 3.25). Propor significa “apresentar perante todos”, ou seja, o Pai constituiu o Filho, feito homem perante o mundo, como Salvador da humanidade (Jo 1.14; Mt 1.20-23; Gl 4.4,5).  “Propiciação” (v.25) é Cristo morrendo em lugar dos perdidos a fim de salvá-los. É a remoção da ira divina por meio de uma oferta, de uma dádiva. O Tabernáculo com seus objetos, sacrifícios e sacerdócio prefigurou como sombra, entre outros elementos da salvação, a propiciação. Onde há sombra há realidade (Cl 2.16,17; Hb 10.1). Examine também: Sl 32.2; Mt 20.28; Jo 1.29; Rm 4.7,8; 1 Co 15.3; 2 Co 5.19,2; 1 Jo 2.2; 4.10. Propiciação é uma referência ao propiciatório. Este encontrava-se no Lugar Santíssimo do Tabernáculo onde o sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação, para sacrificar em favor do povo. Ali, ele aspergia o sangue expiador do sacrifício como símbolo da quitação ou remissão correspondente ao castigo de seus pecados e dos pecados do povo. Jesus é o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Is 53; Jo 1.29; Lc 23.46; Gl 4.4,5). Foi Deus que estabeleceu todas as coisas concernentes a Jesus, a fim de salvar-nos (At 2.23). Expiação tem a ver com o pecado; propiciação, com a atitude de Deus para com o pecador arrependido; e redenção, com a pessoa do pecador. Tudo efetuado por Deus em Cristo (1 Tm 2.6; 1 Pe 1.18,19; At 20.28).

II – A JUSTIFICAÇÃO CONTESTADA

1. A justificação se opõe à salvação meritória. “Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé” (Rm 3.27). A justificação do pecador perante Deus procede da sua graça (Rm 3.24) . Ela foi efetuada e é garantida pelo sangue de Jesus, como sua base (Rm 5.9). É obtida através da nossa fé em Cristo (Rm 3.28); a fé sem as obras humanas é o meio estipulado por Deus para nossa justificação (Gl 2.16). A ressurreição de Cristo é a garantia da perenidade de nossa justificação (Rm 4.25). Se alguém deseja ser justificado e sair da lista dos que estão sob a ira de Deus, deve crer em Cristo (Rm 1.16,17; 3.3,21,22). O único requisito estabelecido por Deus para que o pecador seja justificado é que venha a Cristo pela fé, aceitando-o como seu único Salvador.

2. A justificação se opõe ao orgulho nacionalista. "É, porventura, Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente" (Rm 3.29). Deus quer salvar a todos (Tt 2.11; Mt 11.28; Jo 6.37; Ef 4.6). O profeta Jonas testificou que Deus é misericordioso para aceitar a qualquer um que se arrependa de seus pecados (Jn 4.2). O Evangelho de João 1.12 confirma este propósito de Deus: salvar a todos (Jo 1.12). Jesus também o declarou (Jo 3.17; 5.24). Infelizmente, muitos são os que rejeitam o convite da graça de Deus e acabam por desprezar a Cristo, acarretando sobre si a ira divina.

3. A justificação se opõe ao antinomismo. "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes estabelecemos a lei" (Rm 3.31). É verdade que, depois de serem justificados, os crentes continuam sendo pecadores, isto é, continuam cometendo pecados (Tg 3.2; 1 Jo 1.8). Aliás, a Escritura nos mostra claramente que os redimidos muitas vezes cometem pecados bastante graves. O próprio Cristo ensinou os discípulos a orarem diariamente pelo perdão de pecados (Mt 6.12) e as pessoas piedosas mencionadas na Bíblia estão sempre pedindo perdão pelos seus pecados (Sl 32.5; 51.1-4; 130.3-4). Na verdade, na justificação, Deus realmente remove de nós a culpa pelo pecado, isto é, a sujeição do pecador à punição eterna devida ao pecado (a morte eterna), mas não a culpabilidade inerente a qualquer pecado que seja praticado. Essa culpabilidade permanece e sempre produz nos crentes um sentimento de culpa, de separação de Deus, de tristeza, de arrependimento, de frustração e assim por diante. Por isso eles sentem necessidade de confessar os seus pecados, até mesmo os pecados antigos que porventura ainda os incomodem (Sl 25.7; 51.5-9). O crente tem, no íntimo, consciência de seu pecado e essa consciência o leva a confessá-lo e a buscar em Deus a consoladora segurança do perdão. A consciência do perdão e de um renovado relacionamento filial com Deus muitas vezes é perturbada e obscurecida pelo pecado, mas é novamente despertada e fortalecida pela confissão e pela oração. (...) Os crentes são, antes de tudo, filhos de Deus por adoção. Isso significa, naturalmente, que eles não são filhos de Deus por natureza. Nem todos os seres humanos são filhos de Deus. Somente aqueles que possuem um relacionamento filial com Deus, por meio de Cristo, são fi­lhos de Deus. Por intermédio dessa adoção, Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus, ficam sob a lei da obediência filial e passam a ter direito a todos os privilégios da filiação. A adoção como filhos e a filiação moral dos crentes andam de mãos dadas. Por um lado, eles são adotados por Deus como filhos. Por outro, eles passam a se comportar como filhos de Deus. Paulo nos mostra esses dois elementos da adoção funcionando lado a lado: “…Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.4-6). O Espírito de Cristo nos regenera e nos santifica e nos estimula a nos dirigirmos a Deus cheios de confiança, vendo-o como nosso Pai. Somos adotados por Deus e tratados como seus filhos. Por isso, devemos assumir nossa relação filial com Deus e nos comportarmos como seus filhos.
     
III – A JUSTIFICAÇÃO EXEMPLIFICADA (Rm 4.1–25)

1. Abraão, circuncisão e justificação (Rm 4.1-8). “Que, pois, diremos ter alcançado Abraão ...?” (4.1). A resposta, como Paulo continua a mostrar, é: "justificação mediante a fé, pela graça de Deus." Abraão, nosso pai ("antepassado") segundo a carne. Em vista do qualificativo (ver 1.3, 9.3, 5), "nosso" equivale a "de nós, judeus". Noutro sentido (4:11s., 16s.), Abraão é o pai de todos os crentes, quer judeus quer gentios de nascimento. “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (4.3). Quanto a uma citação e adaptação anterior de Gênesis 15.6, ver Gálatas 3.6. “Mas ao que (...) crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (4.5). Abraão não era ímpio; era um homem de notável piedade e justiça. Mas o princípio pelo qual Abraão foi justificado, sendo tal que exclui a idéia de acumular méritos por obras de piedade e justiça, é um princípio igualmente válido para os ímpios, que não têm obras dessa natureza em que confiar. Assim o coletor de impostos da parábola voltou para casa "justificado", e não o fariseu não porque seu mérito fosse maior (era incomparavelmente menor) mas porque, percebendo a futilidade da confiança em si mesmo, confiou-se inteiramente à graça de Deus (Lc 18.9ss.) - A descrição de Deus como Aquele "que justifica ao ímpio" é tão paradoxal como espantosa — para não dizer chocante. No Velho Testamento, a absolvição do culpado e a condenação do inocente são igual e repetidamente denunciadas como atos de juizes injustos. Na verdade, para a melhor orientação dos juizes na administração da justiça, o Deus de Israel se lhes oferece como exemplo. "Não justificarei o ímpio," diz Ele em Êxodo 23.7. Na versão da LXX, as palavras gregas usadas para comunicar o que Deus proíbe na lei são as mesmas que Paulo usa aqui para declarar o que Deus de fato faz no Evangelho. Não admira que tenha achado necessário sustentar acima que Deus, ao justificar pecadores, contudo preserva imaculado o Seu caráter. Uma vez justificados, na verdade os ímpios deixam de ser ímpios, mas não são justificados com base em qualquer forma de correção dos seus caminhos que se pudesse prever. Se deixamos de avaliar o problema de cunho moral envolvido na graça perdoadora de Deus, talvez seja porque "ainda não consideramos quão grave é o pecado". A solução do paradoxo é dada em 5.6. “Também (...) Davi” (4.6). O Salmo 32 é atribuído a Davi nos títulos do TM e da LXX. Há um elo formal que liga 32.1, 2, passagem citada nos versículos 7,8, e Gênesis 15.6, citado no versículo 3, no sentido de que o verbo "imputar" é comum a ambas as passagens. Na exegese rabínica, esse elo serviu para incentivar a interpretação de uma passagem pela outra, segundo o princípio chamado gezerah shawah ("categoria igual"). Paulo aqui emprega este princípio, mas o elo não é simplesmente formal: a não imputação de pecado, com que o salmista se regozija, importa em positiva imputação da justiça ou pronunciamento da absolvição, pois é impossível haver veredito de "sem provas" no tribunal de Deus.

2. Abraão, promessa e justificação (Rm 4.9-17). Abraão foi justificado quando ainda era gentio, fato que abre precedente para a justificação dos gentios de forma absolutamente dissociada da circuncisão. Assim, a circuncisão não foi a causa instrumental de Abraão, mas apenas um sinal exterior em sua carne de que ele havia sido justificado pela fé. A circuncisão constituiu, em essência, o símbolo exterior da aliança entre Deus e o povo de Israel. Além de ser um sinal, a circuncisão foi um selo, a saber, o selo da justiça da fé que Abraão teve quando ainda era incircunciso. O sinal aponta para a existência do que representa. O selo autentica, confirma, certifica ou garante a autenticidade do que é representado. A circuncisão confirmou que Abraão havia sido considerado e tratado por Deus como um homem justo pela fé. A circuncisão era o selo da justiça que Abraão recebeu com base na fé. Uma vez que foi justificado antes de ser circuncidado, Abraão pode ser o pai de outros incircuncisos, ou seja, dos gentios que creem. Esses podem ser justificados da mesma forma que Abraão foi: pela fé. Há uma diferença entre ser descendente de Abraão e filho de Abraão. Jesus disse aos fariseus: “Bem sei que sois descentes de Abraão” (João 8.37), mas prosseguiu: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão” (João 8.39). Assim, Paulo insiste em que o elemento essencial não é a circuncisão física, mas a fé no Deus vivo. Em síntese, houve um momento na vida de Abraão em que ele teve fé antes de ser circuncidado e outro momento em que ele teve fé e foi circuncidado. Assim, na visão perspicaz de Paulo, tanto os gentios que creem quando os judeus que creem podem chamar Abraão de pai e identificar-se com ele como seus filhos.

3. Abraão, ressurreição e justificação (Rm 4.18-25). Abraão creu em Deus, antes que na promessa; apegava-se a quem fizera a promessa, mais que àquilo que havia sido prometido; Deus lhe importava acima de tudo. Sua fé não foi nem um cálculo das probabilidades de execução nem uma apreciação das vantagens a fruir. Abraão atentou somente para aquele que falara. Desta forma, o apóstolo Paulo aborda aqui o objeto da fé, o Deus que comunica vida aos mortos e o caráter da fé, pois Abraão creu contra a esperança (Rm 4.18).

A fé de Abraão estava ancorada em dois atributos divinos: seu poder e sua fidelidade.

Em primeiro lugar, a fé precisa estar estribada no poder de Deus (Rm 4.17b-19). O Deus em quem Abraão creu é o Deus que vivifica os mortos (o Deus da ressurreição) e o Deus que chama à existência as coisas que não existem (o Deus da criação). Do nada ele tudo criou; da morte ele trouxe a vida. O nada e a morte não são problemas para Deus. Ao contrário, foi a partir do nada que ele criou o universo e foi da morte que ele ressuscitou a Jesus. A criação e a ressurreição foram e continuam sendo as duas mais significativas manifestações do poder de Deus. Quando Deus revitalizou o corpo de Abraão para gerar e o corpo de Sara para conceber, isso foi uma espécie de ressurreição. Quando dessa dupla morte Deus trouxe Isaque à existência, isso foi uma espécie de criação. Esse é o tipo de Deus em quem Abraão creu.

Em segundo lugar, a fé precisa estar estribada na fidelidade de Deus (Rm 4.20-22). Abraão creu que o Deus que ressuscita os mortos e traz à existência as coisas que não existem não pode faltar com sua promessa. Desta maneira, o poder e a fidelidade de Deus são as duas colunas que sustentam o edifício da fé. Por trás da promessa divina está seu caráter fiel. A fé ri das impossibilidades, pois olha para o Deus fiel que cumpre suas promessas.

CONCLUSÃO

O castigo divino pelo pecado não poderia ser protelado indefinidamente. A justiça divina concernente aos delitos do homem deveria ser satisfeita. Assim, Cristo veio e satisfez em definitivo nossa dívida no Calvário, tornando-nos, a todos os que cremos nEle, justificados perante Deus. Com a Reforma Protestante no século 16, o resgate da doutrina da justificação pela fé trouxe nova vida para a igreja de Cristo. A redescoberta desta doutrina provocou a rejeição da justificação pelas obras. A justificação pela fé continua trazendo novidade de vida hoje. Sempre que um pecador descobre em Cristo o perdão para os seus pecados, é adotado como filho de Deus e se torna herdeiro do reino de Deus.

REFERÊNCIAS:

ARRINGTON, French L. et STRONDSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BALL, Charles Fergunson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1998.
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica Fácil e Descomplicada – Como interpretar a Bíblia de maneira fácil e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
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CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã: Aprenda como Servir Melhor a Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
_____. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 8ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Dicionário Barsa. São Paulo: Barsa Planeta, 2008.
ESEQUIAS, Soares. Manual de Apologética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
ESEQUIAS, Soares. Romanos — O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 1998.
GABY, Wagner Tadeu dos Santos. As doenças do Século. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Bíblica Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
_____. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do Crente. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 2º trimestre, CPAD, 2016.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
LIRA, Eliezer. Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2006.
LOPES, Hernandes Dias. Romanos – O Evangelho Segundo Paulo. São Paulo: Hagnos, 2010.
MACARTHUR, John. Romanos: Estudos Bíblicos de Jonh MacArthur. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2016.
RENOVATO, Elinaldo. Deus e a Bíblia. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
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TRASK, Thomas E.; GOODALL, Waide I. Um retorno à Vida Santificada. In: De volta para a Palavra: Um chamado à autoridade da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

domingo, 3 de abril de 2016

Lição 2 – A Necessidade Universal a Salvação em Cristo

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 1.18-20; 2.1,17-21

TEXTO ÁUREO: "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer." (Rm 3.10)

INTRODUÇÃO

A doutrina do pecado é uma das mais importantes doutrinas da teologia cristã, pois ocupa-se a ressaltar a condição que o homem está em função do pecado, demonstrar sua impossibilidade em agradar a Deus, com o objetivo de demonstrar que o homem está perdido e abismado em relação a Deus, e que, sozinho não pode fazer nada para alterar essa realidade. A queda é o marco da origem do pecado no mundo e de todas as deficiências que existem nele. É o momento histórico que explica tanto a origem de todo o mal existente no mundo, como a concepção correta do pecado. Assim, não compreender o pecado do ponto de vista do Velho Testamento impossibilita vislumbrar a maravilhosa graça no Novo Testamento. Da mesma forma, é necessário compreender a queda do ponto de vista teológico, pois apenas assim pode-se notar suas conseqüências danosas na humanidade, bem como em todos seus relacionamentos. Acredito que se faz necessário estudar a origem do pecado e suas consequências, porque para que a salvação possa ter qualquer validade é necessário que exista uma deficiência que careça ser sanada. Ou seja, sem a queda não se pode reconhecer o pecado, e sem ele não há necessidade de salvação. Pecado é um estado antes de ser um ato - nossos atos não são senão expressões dos nossos seres interiores caídos. Consequentemente, todos, sejam judeus ou gentios, precisam ser alcançados com a pregação do Evangelho, crer nele e ser salvo. Esta é a tese enunciada por Paulo em Romanos 1.16 e defendida nos capítulos seguintes. Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I – A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1.18-32)

1. A rejeição. “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm 1.21-23). O homem rejeita conscientemente o conhecimento de Deus de duas formas:

a) Deixando de glorificá-lo por quem Ele é. O homem deveria olhar para a natureza e ver nela a glória de Deus. Deixar de reconhecer os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua divindade nas obras da criação é privar Deus da sua própria glória. Portanto, quando o ser humano, seja nos grandes centros urbanos, seja nas selvas mais remotas, dá glória aos seus ídolos, ele não faz isso de forma inocente. Trata-se de uma rebelião deliberada.

b) Deixando de agradecer-lhe pelo que fez. Glorificamos a Deus por quem ele é e damos graças a Deus por aquilo que ele faz. A criatura deixa de ser grata para ser ingrata. Deus criou a terra e a encheu de fartura. Deus deu ao homem vida, saúde, pão, as estações e tudo mais para o seu aprazimento. Contudo, a resposta do homem a todo esse bem é uma consciente e deliberada ingratidão. 

O homem é um ser moral, isto é, alguém responsável diante de Deus por seus pensamentos, fala e conduta. Como ser moral, o homem se encontra em um estado de corrupção moral, em um estado de pecaminosidade natural, irregenerado. O resumo da lei divina é amar a Deus e ao próximo (Mt 22.37-39). Paulo diz que amar é cumprir a lei (Rm 13.8-10). O homem irregenerado não possui o amor exigido por Deus e, pior, este homem caído estabelece outro objeto ou objetos para suas afeições, e tudo aquilo que se coloca em competição com Deus pode ser reduzido a um só – o eu. Auto-amor particular, à exclusão do amor supremo de Deus e amor igual aos homens é a própria raiz da depravação. A vontade própria, a auto-admiração e a justiça própria são apenas manifestações diferentes da natureza humana caída. Todas as pessoas são naturalmente propensas a alguma forma de religião; contudo, deixam de cultuar seu Criador, cuja revelação geral o torna universalmente conhecido. O pecado do egoísmo e a aversão às reivindicações do nosso Criador têm levado a humanidade à idolatria, ao erro de prestar culto a qualquer outro poder ou objeto, ao invés de cultuar a Deus (Is 44.9-20; Rm 1.21-23; Cl 3.5). Em sua idolatria, os homens caídos ‘detêm a verdade pela injustiça’ e ‘mudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis’ (Rm 1.18-23).

2. A revelação. “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1.18-20). A revelação de Deus através das coisas criadas chamamos ‘revelação geral’. Este é o termo freqüentemente usado para se referir ao fato de Deus se fazer conhecido na criação, consciência e história. O termo é usado em distinção de “revelação especial”, a revelação salvífica de Deus através de Jesus Cristo nas Escrituras. A revelação geral é mencionada em várias passagens, mas com maior clareza em Romanos 1.18-32. Paulo escreve aqui sobre Deus se fazendo conhecido nas coisas da criação (vv. 20, 25) e na consciência do homem (v. 19;2 observe as palavras neles). Essa revelação geral, contudo, não tem poder salvífico. Ela não é nem mesmo um tipo de graça, embora muitos falem dela como um exemplo da assim chamada “graça comum”. Pelo contrário, Paulo expressa claramente  que a revelação geral é uma revelação da ira de Deus, e serve somente para deixar o ímpio sem desculpa! (vv. 18, 20). A ideia de que os ímpios podem ser salvos por uma resposta moral a essa revelação geral é totalmente sem fundamento nas Escrituras, é apenas outra forma de salvação pelas obras e de humanismo religioso. Essa ideia que a revelação geral tem valor salvífico é fatalmente refutada por Romanos 1. O ímpio vê as “coisas invisíveis de Deus”, particularmente seu eterno poder e divindade (v. 20). Há até mesmo um aspecto interno dessa manifestação de Deus. O versículo 19 diz que as coisas que podem ser conhecidas de Deus são manifestas “neles”. A manifestação de Deus nas coisas que foram criadas é a razão pela qual ninguém será capaz de se queixar no dia do juízo que não conhecia a Deus. Se considerarmos Romanos 1, não existe nenhum ateu. Portanto, o ímpio que nunca ouviu o evangelho pode e será condenado no dia do juízo, como resultado dessa manifestação. Não um justo sequer! A conditio sine qua non (Condição sem a qual não) para a salvação é: "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo" (Rm 10.13). Jesus nos dá esta resposta em João 3.16; Ele salva qualquer um que acreditar nEle: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Ele é a Porta; o acesso ao Pai é só por Ele! Não há salvação sem fé em Jesus e em sua obra redentora no Calvário! Não há salvação sem a cruz ensanguentada! "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Jo 14.6). Nenhum ser humano pode ser justificado com base na sua justiça própria, com base no que conheceu pela revelação natural ou pela lei moral escrita no seu coração. A revelação geral, portanto, serve somente para aumentar a culpa daqueles que não ouvem ou não creem no evangelho. Ensinar outra coisa é negar o sangue de Jesus Cristo e sua obediência perfeita como o único caminho de salvação, zombando dele e de sua cruz.

3. A punição. Romanos 1.22-32 revela as consequências do pecado na vida do ser humano, que tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram, e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. Em três ocasiões, diz-se que “Deus entregou” os homens. Ele os “entregou [...] à imundícia (Rm 1.24), às paixões infames (Rm 1.26) e à uma disposição mental reprovável (Rm 1.28). Em outras palavras, a ira de Deus se voltou contra toda a personalidade do ser humano. Como forma de castigo por nossas impiedades, Deus pode fazer cair fogo do céu, como já fez em outros tempos; mas a pior forma de sermos julgados, é Deus abandonar o homem à sua própria concupiscência. É totalmente desnecessário, aqui, entrar em infindável discussão sobre como Deus entrega os homens à vida de iniquidade. É deveras certo que ele não só permite que os homens caiam em pecado, aprovando que vivam assim, fingindo não ver sua queda, mas também o ordena por seu justo juízo, de modo que são forçosamente conduzidos a tal loucura, não só por seus desejos maus, mas também motivados pelo Diabo. Paulo, pois, adota o termo entregar em concordância com o constante uso da Escritura. Aqueles que acreditam que somos levados a pecar tão-somente pela permissão divina provocam forte violência contra esta palavra, pois, como Satanás é o ministro da ira divina, bem como seu ‘executor’, ele também se acha fortemente armado contra nós, não simplesmente na aparência, mas segundo as ordens de seu Juiz. Deus, contudo, não deve ser tido na conta de cruel, nem somos nós inocentes, visto que o apóstolo claramente mostra que somos entregues a seu poder somente quando merecemos tal punição. Uma única exceção deve-se fazer, ou, seja: que a causa do pecado, suas raízes, sempre reside no próprio pecador; não têm sua origem em Deus, pois resulta sempre verdadeiro que “Tua ruína, ó Israel, vem de ti, e só de mim teu socorro” [Os 13.9]. O juízo mais severo de Deus é dar ao homem o que ele quer (Rm 1.24,26,28). Não há castigo maior para o homem do que Deus o entregar a si mesmo. Deus pergunta: "É isso que você quer? Seja feita a sua vontade". Esse é o maior juízo de Deus, entregar o homem a si mesmo, à sua própria vontade. Os homens que tanto amam o esgoto do pecado são enviados para lá; o que querem, eles terão. A humanidade é como um caminhão que desce ladeira abaixo. Deus está com o pé no freio, e o homem, com o pé no acelerador. Deus quer evitar a tragédia, e o homem acelera rumo ao abismo, até o momento que Deus tira o pé do breque e esse caminhão avança desgovernado para uma terrível tragédia. O que acontece é que Deus tira a culpa. O homem consegue pecar e a consciência não o acusa mais. Aí ele se gloria no pecado e aplaude o vício. As pessoas mergulham no pântano mais asqueroso da imoralidade e se corrompem ao extremo sem nenhum constrangimento, isso é o juízo de Deus. Por que Deus não manda fogo e enxofre como fez com Sodoma e Gomorra? Pior é entregar o pecador ao fogo do seu coração, preparando-o para o fogo do juízo.

II – A   NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2.1-3.8)

1. Os judeus em relação aos gentios. Paulo defende a tese nos três primeiros capítulos de que tanto os gentios como os judeus são culpados diante de Deus em virtude da revelação que receberam. Os judeus receberam a revelação especial, as Escrituras; e os gentios, a revelação natural. Por não viverem de acordo com a revelação recebida, ambos são indesculpáveis perante Deus. Tanto os gentios como os judeus são culpados por não viverem em conformidade com o conhecimento recebido. Os dois grupos têm algum conhecimento de Deus como Criador (Rm 1.20) ou Juiz (Rm 1.32; 2.2), e ambos contradizem com o seu comportamento, o conhecimento que possuem. O fato de que o julgamento de Deus será justo (de acordo com o que fizemos, Rm 2.6-8) e imparcial (entre judeus e gentios, sem favoritismo, Rm 2.9-11) é desenvolvido por Paulo agora em relação à lei mosaica, mencionada aqui pela primeira vez e que terá um papel proeminente no resto da carta. Naquilo que se segue, Paulo volta-se para um representante imaginário (diatribe) de um grupo real e identificável de pessoas. Embora ele tenha especificado os judeus apenas, provavelmente ele já os tivesse em mente antes. Eles concordam com a declaração paulina sobre a ira de Deus, mas supõem-se a salvo dessa ira. Judeus e gentios parecem diferir fundamentalmente um do outro no fato de que os judeus ouvem a lei (Rm 2.13), possuindo-a e ouvindo a sua leitura na sinagoga todo sábado, enquanto os gentios não têm a lei (Rm 2.14). Esta não lhes foi revelada nem foi dada a eles. No entanto, insiste Paulo, pode ser que haja exagero nessa diferenciação. Afinal, não existe entre eles qualquer distinção fundamental no que diz respeito ao conhecimento moral que possuem (já que as exigências da lei estão gravadas em todos os corações humanos, 15), ou ao pecado que eles cometeram (desobedecendo a lei que conheciam), ou à culpa em que incorreram, ou ao julgamento que receberão.

2. Os judeus em relação à Lei. Outro aspecto da argumentação do apóstolo Paulo em relação aos judeus encontra-se em Romanos 2.17-29. Paulo pergunta: Os judeus aos quais a lei foi dada também estão perdidos?”. A resposta, evidentemente, é afirmativa. Por certo, muitos judeus consideravam-se imunes ao julgamento de Deus. A seu ver, Deus jamais condenaria um judeu ao inferno; os gentios, em contrapartida, eram tidos como o combustível das chamas infernais. Paulo termina com essa pretensão mostrando que, em determinadas circunstâncias, os gentios podem estar mais próximos de Deus que os judeus. O versículo 21 do capítulo 2 de Romanos coloca os judeus e gentios na mesma categoria de pecado de mote. Paulo faz duas colocações paralelas, ambas começando com as palavras todo aquele que pecar. O verbo, no entanto, está no tempo aoristo e sua tradução deveria ser "todos os que pecaram" (hemarton), como se lê na tradução de Almeida. Paulo está resumindo a vida de peado deles sob a perspectiva do dia final. O argumento que ele apresenta é que todos os que pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente de serem judeus ou gentios, isto é, quer tenham a lei mosaica, quer não. Todos os que pecaram sem lei (gentios), sem lei também perecerão (12a). Eles não serão julgados por um padrão que não conheceram. Perecerão em virtude do seu pecado, não por ignorarem a lei. De semelhante modo, todo aquele que pecar sob a lei (os judeus), pela lei será julgado (12b). Eles também serão julgados por um padrão que conhecem. Não haverá dois pesos e duas medidas: Deus será absolutamente justo em seu julgamento. Se pecou conhecendo a lei, ou se pecou ignorando a lei, o julgamento será de acordo com o pecado de cada um. "A base do julgamento são as suas obras; a regra do julgamento é o seu conhecimento" e se eles viveram de acordo com tal conhecimento. Porque não são os que ouvem a lei que são justos ao olhos de Deus; mas os que obedecem à lei, estes são declarados justos. Esta é naturalmente uma afirmação teórica ou hipotética, já que nenhum ser humano chegou a cumprir totalmente a lei (cf. Romanos 3.20). Portanto não existe nenhuma possibilidade de salvação por esse caminho. Mas Paulo está escrevendo sobre o julgamento e não sobre a salvação. Ele está enfatizando que a própria lei não dava aos judeus garantida de imunidade no julgamento, como eles pensavam, pois importante não era ter a lei, mas obedecê-la.

3. Os judeus em relação à aliança. A identidade dos judeus como povo escolhido é algo bem definido nas Escrituras Sagradas. Desde a sua criação como nação eleita, Israel foi identificado como povo de Deus (Ex 19.5). Os judeus estavam em posição vantajosa, porém eram culpados. A lei e a circuncisão não lhes serviam como garantia de sua identidade como povo de Deus. Aos olhos dos judeus, entretanto, isso parecia colocar em dúvida a aliança, as promessas e o próprio caráter de Deus. Ao revelar a sua vontade numa aliança especial, Deus deu aos judeus uma grande vantagem. O problema dos judeus não veio da parte de Deus. A incredulidade deles trouxe a condenação (3-5). Independente da falta de fé por parte dos homens, Deus continua sendo fiel. Ele é verdadeiro, mesmo se todo homem for mentiroso. Quando reconhecemos o nosso pecado, exaltamos a justiça de Deus. Se há alguma falha na relação de Deus com os homens, a culpa certamente é dos homens. O final do versículo 4 vem da versão grega de Salmo 51.4, uma passagem que mostra que a confissão do pecado do homem glorifica a Deus e realça a santidade e a justiça dele (compare Josué 7.19-20). Deus é justo em castigar os judeus (5-8). Foi fácil para os israelitas enxergar a injustiça dos gentios e concluir que aqueles pecadores merecessem o castigo. Reconhecer o seu próprio pecado foi muito mais difícil. Se Deus não aplicar a sua lei com justiça aos judeus, ele não teria direito de castigar os gentios (5-6). Entendendo que a santidade de Deus fica mais evidente quando comparada à injustiça do homem, alguém poderia tentar justificar o pecado para dar mais glória a Deus. Paulo rejeita tal raciocínio, dizendo que pessoas que pensam assim merecem o castigo (7-8).
     
III – A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm 3.9-20)

1. A universalidade e o jugo do pecado. A argumentação de Paulo em Romanos 3.9-20 é: todos os homens são culpados diante de Deus, todos estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9). Paulo é enfático no seu diagnóstico acerca do estado deplorável em que se encontra o ser humano. O pecado atingiu todo o seu ser: corpo e alma. O pecado enfiou seus tentáculos em todas as áreas de sua vida: razão, emoção e volição. Todo o seu ser está rendido ao pecado e a serviço do pecado. O homem está chagado da cabeça aos pés. A conseqüência do pecado de Adão é que herdamos uma natureza pecaminosa, decaída. Isto não significa que todos os que não são cristãos vivem uma vida imoral, mas que cada um é pecador e deve se conscientizar acerca disso, pois o apóstolo Paulo falando dos gentios afirmou que estes ainda “... que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15). Jeremias, diz: "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados" (Lm 3.39); Salomão tinha consciência da universalidade do pecado e em sua oração, na dedicação do templo, afirmou: "Quando pecarem contra ti, pois não há homem que não peque..." (1 Rs 8.46); Também Davi entendeu esta verdade, quando afirmou: "Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um" (Sl 53.3). Paulo confirmou a doutrina da universalidade do pecado – "Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer" (Rm 3.9-10). Também João foi enfático, afirmando: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (1 Jo 1.9,10). No seu caráter universal o pecado e a morte nivelam todos os homens – "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). "Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos" (Ro 5.19).

2. Valores e comportamentos. Na argumentação de Paulo em Romanos 3.10-18 podemos ver a depravação total da humanidade na distorção e perversão do seu relacionamento com Deus (Rm 3.10-12), consigo (Rm 3.13,14) e com o próximo (Rm 3.15-17). Nenhum ser humano peca sozinho. O pecado sempre fará parte de uma rebelião cósmica contra Deus e contra a retidão. 1 Jo 5.18 enfaticamente assevera que aquele que “pratica o pecado” é do diabo. Esse ser maligno é intitulado “deus deste mundo”, 2 Co 4.4, e muitos são seus súditos e escravos. Será necessária uma providência cósmica para remover o pecado, e o julgamento tomará conta disso. Alguns textos em Salmos demonstram que o homem não é pecador porque peca mas que ele peca porque é pecador: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu a minha mãe” (Sl 51.5). “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras” (Sl 58.3). “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há um sequer” (Sl 14.3). Tais textos demonstram uma das formas da universalidade do pecado se manifestar: o pecado original ou congênito, que é a natureza pecaminosa que todo ser humano herda ao nascer. A natureza pecaminosa é a capacidade e inclinação humana para fazer tudo aquilo que nos torna reprováveis aos olhos de Deus. Embora as forças satânicas forneçam a agitação (ou tentação para o pecado, cf. Ef 6.11ss.), o indivíduo é responsável pelas suas ações, e, portanto, ele é convocado a arrepender-se. O homem não pode alterar o quadro cósmico, mas pode ser pessoalmente redimido. Se fomos gerados em pecado, somos pecadores. Se o homem não reconhecer que é pecador, jamais poderá ser salvo, porque Jesus veio para salvar os pecadores (Lc 19.10). Esta é a segunda natureza do pecado: o pecado ativo ou direto, que são os pecados cometidos inconsciente ou conscientemente pelo homem. A natureza pecaminosa conduz o homem a uma depravação total (cf. Rm 1), e a uma absoluta falta de mérito perante o seu Criador. A consequência do pecado é a morte. Concluindo, a aceitação teológica reúne a interpretação do “pecado original”, onde todos os homens participam do pecado “em Adão” (e contra esse pecado é que o juízo foi proferido) com a interpretação de que cada indivíduo tem o seu próprio pecado. Ambas as modalidades o condenam.

CONCLUSÃO

A explicação bíblica sobre a universalidade do pecado está em que Adão e Eva, pessoas humanas literais, foram criados em estado de inocência, por um ato divino. Em seguida, foram tentados, e caíram no pecado. Isso impôs a mortalidade, a degradação e a desintegração. Esse ato de pecado, e seu estado resultante, foram então transferidos para a raça humana inteira, devido à conexão da raça com Adão. Isso está em consonância com os princípios ensinados em Romanos 2.6: o de que cada um será finalmente julgado de acordo com suas próprias obras. O pecado de Adão é a raiz; os pecados da humanidade são os ramos; os pecados individuais são os frutos. A sentença de julgamento recai sobre a árvore inteira, e não apenas sobre uma parte da mesma. Diante de tudo que foi visto até aqui, concluímos que a necessidade universal da salvação em Cristo Jesus é urgente e essencial. O homem está sob a ira de Deus, por isso precisa de salvação. Não precisamos de nenhum guia espiritual ou do exemplo inspirador de algum mártir. Precisamos de um Salvador real, porque estamos sob a ira real de Deus. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).


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