domingo, 27 de setembro de 2015

"Bem-aventurado o que espera..." (Daniel 12.12ª).

Quem nunca ouviu o provérbio: “Quem espera, sempre alcança”. O salmista disse: “Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” [Salmos 40.1]. Abraão foi provado por longo tempo, mas foi abundantemente recompensado saber esperar em Deus. O Senhor o provou através de uma demora em cumprir a promessa. Satanás o provou pela tentação, Sara o provou por sua impertinência; os homens o provaram pelo ciúme, desconfiança e oposição. Ele, porém, suportou tudo pacientemente. Não discutiu a veracidade da promessa, não limitou o poder de Deus, não duvidou da sua fidelidade, nem magoou o seu amor. Antes, curvou-se à soberania de Deus, submetendo-se à sua infinita sabedoria e ficou em silêncio, apesar das demoras, esperando a ocasião determinada pelo Senhor. E assim, tendo esperado com paciência, alcançou a promessa. As promessas de Deus não podem deixar de ser cumpridas. Os que pacientemente esperam não serão decepcionados. A expectação da fé será recompensada. Ei! A conduta de Abraão condena um espírito apressado, reprova a murmuração, recomenda o espírito paciente e encoraja uma quieta submissão á vontade e aos caminhos de Deus. Lembre-se de que Abraão foi provado, de que ele esperou pacientemente; recebeu a promessa e foi satisfeito. Imite seu exemplo, e receberá a mesma bênção.

A Salvação Prometida no Éden

Textos Bíblico: Gn 3.1-15; 1 Co 15.22

I. A Salvação é o tema principal da Bíblia
Na Bíblia vemos:
a) A provisão da Salvação, 2 Tm 1.9;
b) A necessidade da Salvação, Rm 3.23;
c) A promessa da Salvação, At 10.43;
d) O convite para a Salvação, Mt 11.28;
e) A iniciativa humana para a Salvação, Tg 4.8;
f) O preço da Salvação, 1 Pe 1.18,19.

II. A Promessa do Salvador
Diante do fracasso humano, Deus pôs em execução seu plano de redenção Ef 1.4; 3.9, ao prometer um salvador Gn 3.15, que viria através da semente da mulher, Jesus Cristo (Is 7.14; Gl 4.4). Esta promessa anuncia a vitória da semente da mulher, através das épocas (Gn 3.15; 4.25; 5.29; 8.18; 9.1,26; 12.1-3; 17.5-7; 28.3,4; 33.11; 49.10; 2 Sm 7.12,13; Is 7.14; 9.6; 11.1-4; Mt 1.20-23). Desde o inicio, Satanás procurou impedir o comprimento da Palavra do Criador, mas não conseguiu (Gn 4.8; 32.6; Êx 1.15-22; 1 Sm 18.11; 2 Cr 22.10; Mt 2.16). A referida promessa apresentava duas mensagens:
1) A semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Gn 3.15 isto foi feito por Jesus Cristo na cruz (Lc 10.18; Jo 12.31; Rm 16.20; Cl 2.15; 1 Jo 3.8; 5.5; Ap 12.10).
2) O calcanhar da semente da mulher seria ferido. Havia um preço a ser pago, isto fala do sofrimento e morte de Jesus Cristo (Is 53.3,4,14; Mt 4.1-10; Lc 22.39-44; Jo 12.31-33).

III. A salvação prefigurada
Deus imolou uma vítima, cuja pele serviu para cobrir a nudez de Adão e Eva (Gn 3.21). Este animal prefigura, de modo claro, a obra realizada por Jesus Cristo na cruz, por nossos pecados (1 Pe 3.18; 2 Co 5.21; Rm 5.6-8).

Conclusão:
Devemos vigiar, o Diabo nosso adversário, trabalha de todas as maneiras para nos apartar da maravilhosa comunhão com Deus. Porém, se resistirmos as suas ciladas, seremos vencedores, através da obra do Salvador prometido no Éden, cujo sangue nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7).

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Lição 13 – A Manifestação da Graça da Salvação

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

3º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Tito 2.11-14; 3.4-6

TEXTO ÁUREO: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.” (Tito 2.11).

INTRODUÇÃO
Nesta última lição do 3º Trimestre de 2015. Estudaremos a respeito da graça da Salvação, a mais extraordinária manifestação do amor divino para com a humanidade. A graça de Deus traduz a bondade do Senhor e o seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou contra o seu Criador. Entretanto, apesar do pecado, Deus mostrou seu amor em relação ao homem, por intermédio da sua graça. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. Portanto, a todos quantos crerem na obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na Graça de Deus.

I. A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

1. A graça Comum. Graça – “hessed”, no hebraico; “charis”, no grego; “gratia”, no latim -, tem o sentido de ser um favor imerecido concedido por Deus à humanidade. Imerecido, porque o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador, por causa do pecado.
Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum, ou Universal, ele é também o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos 17.28).
Sem a Graça comum, ou Universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes e incrédulos. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “... porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).
Assim, quer o homem saiba disto, ou não; quer reconheça ou não a misericórdia de Deus; quer seja grato ou não, na verdade a sua vida está nas mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça.
É Deus quem controla o dia e a noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos movimentos de rotação e translação da terra, que mantém o equilíbrio da cadeia alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tantos outros benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Por isto, nós que conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22).

2. A Graça Salvadora. Sem qualquer mérito humano, mas unicamente pela sua graça, Deus quis prover um meio de salvar o ser humano. E proveu. E a graça salvadora de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto ela envolve todo o mundo, é suficiente para predispor toda a humanidade a tornar-se merecedora da Redenção Divina, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23.) E porque é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1 Pedro 5.10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que “... a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11).

3. Graça justificadora e regeneradora. A graça de Deus é a fonte da justificação do homem (cf Rm 3.24; Ef 2.8). Ela substitui o pecado na vida do homem, que é justificado pela fé em Cristo Jesus. Quando somos justificados, somos atingidos pela graça divina (Rm 5.18), graça que sobrepuja a nossa velha natureza, de tal sorte que o apóstolo diz que “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20). Também na vida do justificado, a graça reina pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor (Rm 5.21). 
A graça, portanto, passa a ser o critério do nosso relacionamento com Deus. Somos, a todo momento, atingidos pelo favor imerecido do Senhor. É por este motivo que o tempo em que vivemos é denominado de “dispensação da graça” (cf. Ef 3.2), ou seja, o período em que o relacionamento de Deus para com os homens é regido pela “graça”, pelo favor divino em relação ao homem que não leva em consideração os méritos humanos. 
A justificação é recebida pela fé quando o ser humano crê em Jesus, aceitando-o como seu único e suficiente Salvador, ou seja, no momento em que ocorre a conversão, quando se torna uma “nova criatura” (2 Co 5.17). Desta feita, a pessoa torna-se partícipe da família de Deus, como bem diz o apóstolo Paulo: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19).

4. Graça santificadora. A santificação é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Como Deus deseja também nos auxiliar no processo de santificação, Ele nos dá o seu Santo Espírito para habitar em nós e nos orientar nesta separação do mundo, ou seja, separação do pecado (não dos pecadores). A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a si mesmo, para ter uma vida de santidade. 
A santificação é um processo espiritual, que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. É o estado vivencial daquele que é santo, que vive em santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14). 
A vida cristã somente pode progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser perseguido até o dia do arrebatamento da Igreja. A salvação é um contínuo processo que, iniciando-se na regeneração, fruto do arrependimento e da conversão, prossegue, após a justificação, mediante a santificação, até o seu instante final, que é a glorificação.

II. A CONDUTA DO SALVO EM JESUS

1. Sujeição às autoridades (v. 1). “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades sejam obedientes estejam prontos para toda boa obra...” [Tt 3.1].
Paulo pede a Tito para lembrar aos cristãos das assembleias de Creta as responsabilidades em relação ao governo deles. O enfoque cristão ensina que todos os governos são ordenados por Deus (Rm 13.1). Um regime pode ser não-cristão ou até anticristão, mas qualquer governo é melhor do que nenhum governo. A ausência de governo leva à anarquia, e um povo não pode sobreviver por muito tempo sob a anarquia.
O cristão precisa se conscientizar de que ele tem dupla cidadania: é cidadão do Céu e também do mundo. Ele deve obediência a Deus e também às autoridades constituídas. Duas coisas são exigidas do cristão em relação às autoridades:
- Em primeiro lugar, submissão (Tt 3.1). Aqueles que governam são autoridades constituídas pelo próprio Deus e devem ser respeitados. O cristão deve ser um cidadão exemplar, estando pronto para toda boa obra. Ele não é um problema para a sociedade, mas um benfeitor. O cristão deve ser cooperativo nos assuntos que envolvem toda a comunidade, uma vez que a cidadania celestial (Fp 3.20) não o isenta de suas responsabilidades como cidadão da terra. O cristão deve cumprir as leis e instruções das autoridades civis e pagar seus impostos com fidelidade (Rm 13.6).
- Em segundo lugar, obediência (Tt 3.1). A obediência civil é responsabilidade do cristão. Ele não pode ser anarquista nem agitador social, uma vez que resistir à autoridade é insurgir-se contra o próprio Deus que permitiu que ele assumisse o cargo de autoridade. Entretanto, a obediência civil tem limites. O Estado não é dono da consciência dos homens. Se um governo determina que o cristão desobedeça a Deus, então ele deve se opor, sob o principio de Atos 5.20: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. Sempre que o Estado se torna absolutista e opressor, invertendo e subvertendo a ordem, promovendo o mal e coibindo o bem, os cristãos têm o direito e até o dever de desobedecer. A autoridade é constituída por Deus para promover o bem e coibir o mal (Rm 13.4).

2. O relacionamento do cristão (v. 2). “não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens” [Tt 3.2].
Paulo nos ensina que o cristão deve relacionar-se positivamente não apenas com as autoridades, mas também com seus pares, ou seja, com todos os membros da comunidade. Devemos ter relacionamentos corretos não apenas dentro da igreja, mas também com os não crentes.
O apóstolo Paulo menciona quatro atitudes que um cristão deve cultivar no trato com seus concidadãos:
a) não difamar a ninguém, ou seja, não destruir a reputação das pessoas – “não difamem a ninguém...”. A difamação é um assassinato moral. É usar a espada da língua para ferir e destruir a reputação das pessoas. O cristão não deve caluniar ninguém. Aqueles que foram alvos da benignidade de Deus não podem ser instrumentos de maldade para ferir as pessoas. Uma das maneiras mais aviltantes de promover a si mesmo é falar mal dos outros.
b) não ser contencioso, ou seja, não destruir o relacionamento com as pessoas - "[...] nem sejam altercadores...". Altercar é criar confusão, provocar contendas, envolver-se em discussões que ferem as pessoas e destroem os relacionamentos. Devemos pavimentar o caminho do diálogo em vez de sermos geradores de conflitos. Aqueles que foram reconciliados com Deus devem buscar a reconciliação com as pessoas em vez de serem altercadores.
c) não cavar abismos, mas construir pontes de contato com as pessoas - "[...] mas cordatos...". O cristão precisa ser uma pessoa polida. Sua língua deve ser bênção e não maldição. Precisamos tratar uns aos outros com dignidade e respeito. Precisamos viver em paz uns com os outros.
d) ser cortês - "[...] dando provas de toda cortesia, para com todos os homens”'. Parece muito apropriado que a cortesia deva ser ensinada como uma das virtudes cristãs. Essencialmente, significa pensar de maneira amável acerca de outras pessoas, colocar os outros em primeiro lugar, dizer e fazer coisas graciosas. A cortesia serve aos outros antes de si mesmo, prontifica-se em ajudar e expressa pronta apreciação pela gentileza recebida. Jamais é mal-educada, vulgar ou rude.
“... mostrando toda mansidão para com todos os homens” (ARC). A mansidão não é um atributo natural. Não é virtude, é graça. Alguém disse que “mansidão é aquela atitude humilde que se expressa na submissão às ofensas, livre de malícia e de desejo de vingança”. Ser manso não é ser frouxo ou ficar impassível diante dos problemas. Ser manso não é ser tímido ou covarde. Não é manter a paz a qualquer custo. Uma pessoa mansa é aquela que entregou seus direitos a Deus.

3. A lavagem da renovação do Espírito Santo (v. 3). “Porque também nós éramos, noutro tempo, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” [Tt 3.3].
O pecado atingiu todas as nossas faculdades: razão, emoção e volição. Estávamos perdidos e condenados. Se Deus não tivesse colocado seu coração em nós estaríamos arruinados inexoravelmente.
Em Tito 3.3, Paulo faz um diagnóstico sombrio da nossa condição antes de sermos salvos:
a) Insensatez. “Nós éramos insensatos”. Nossa mente estava corrompida pelo pecado. A estultícia e a insensatez eram as marcas registradas da nossa vida. Nossos conceitos estavam errados, nossos valores distorcidos e nossos desejos corrompidos.
b) Desobediência. “Nós éramos desobedientes”. Nosso coração, além de tolo e obtuso, era também rebelde e desobediente à autoridade divina e humana. Nossa inclinação era toda para o mal. Éramos transgressores da lei e rendidos a toda sorte de pecado. Estávamos depravados não só na mente, mas também na moral.
c) Extravio. “Nós éramos extraviados”. Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é um extraviado, como ovelha errante (Mt 9.36); cada passo que dávamos era para nos afastar mais de Deus. Mas bem-aventurado é aquele que age como o "filho pródigo", o qual tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24).
d) Servindo a “várias concupiscências e deleites”. Ou seja, nós éramos escravos de toda sorte de paixões e prazeres. Estávamos com a coleira do diabo no pescoço. Éramos vítimas de forças malignas que não podíamos controlar. Vivíamos presos com grossas cordas, sujeitos a toda sorte de desejos pervertidos e embriagados por todas as taças dos prazeres mais aviltantes. Sentíamos total anorexia pelos banquetes de Deus, mas profunda voracidade pelo cardápio do pecado.
e) Vivendo em Malícia e inveja. “Nós vivíamos em malícia e inveja”. Nossa mente era cheia de maldade e sujeira. Vivíamos rendidos à inveja, cobiçando o que não nos pertencia. A malícia ou maldade é o que se faz quando se deseja o mal a alguém; a inveja é ressentir-se e desejar o bem que outros têm. Essas duas atitudes insensatas interrompem todo relacionamento humano.
f) Odiosos, odiando. “Nós éramos odiosos e vivíamos odiando-nos uns aos outros”. Nosso relacionamento com nós mesmos e com os outros estava em crise. Éramos odiosos e, por isso, odiávamos. Fazíamos o que éramos. Quando o nosso relacionamento com Deus está rompido, não conseguimos conviver conosco nem com as outras pessoas. Longe de Deus somos uma verdadeira guerra civil ambulante.

III. AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES

1. A prática das boas obras (v. 8). “Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” [Tt 3.8].
Todos aqueles que creem em Deus procuram aplicar-se às boas obras. As boas obras não são a causa, mas a evidência da salvação. Não somos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras. Não são as nossas boas obras que nos levam para o céu; nós é que as levamos para o céu (Ap 14.13).

2. Como tratar com os hereges (v. 10). “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” [Tt 3.10].
Um herege é simplesmente uma pessoa que decidiu que está certa e que todos os demais estão equivocados. Tito deveria evitar pessoas que gostavam de criar partidos dentro da igreja e semear a cizânia da heresia e da discórdia. Nada machuca mais a igreja do que aqueles que se apartam da verdade e vivem criando mal-estar, ferindo a comunhão, falando mal das pessoas e maculando sua honra.
O que perturbava as igrejas de Creta era a tendência de os falsos mestres formarem grupos dissidentes, dividindo assim o corpo de Cristo. O erro dessas pessoas estava ligado tanto à doutrina quanto à ética, tanto à teologia quanto à vida. Eram pessoas facciosas.  Deliberadamente persistiam em dividir a união da igreja. Paulo ensina que não devemos nos envolver com as discussões tolas dos falsos mestres. As pessoas que estão ocupadas fazendo a obra do Senhor não têm tempo para discussões inúteis. Infelizmente, muitos acabam discutindo e dando atenção demasiada aos ensinos que são contrários a Palavra de Deus. Muitos acabam tendo um fim trágico: a apostasia.

CONCLUSÃO

Paulo termina a Epístola pastoral de Tito rogando a graça de Deus sobre todos os crentes (“A graça seja com vós todos. Amém!” Tt 3.15). A graça é a fonte da vida e melhor do que a vida. Por ela somos salvos, por ela vivemos e por ela entraremos nos paramos celestiais. Deus abençoe a todos que nos acompanharam neste trimestre letivo. Deixo para meditação do amado (a) leitor (a) Números 6.24-26 que diz: “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.”

REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
http://luloure.blogspot.com.br/
LIMA, Elinaldo Renovato de. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Rio de janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. São Paulo: Hagnos, 2009.
OLIVEIRA, Temóteo Ramos de. Manual do Visitador Cristão. Rio de janeiro: CPAD, 2005.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.


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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Quão grande és tu

Hoje vemos muitos pregadores se apresentando como astros, como estrelas, como heróis. Fazem da igreja um teatro, do púlpito um palco e da mensagem uma peça teatral. São pregadores que buscam os holofotes, que gostam dos aplausos e que são amantes do dinheiro, mais do que da glória de Deus. Há aqueles que apreciam cantar diante do espelho o hino 526 da Harpa Cristã: “Quão grande és tu”. São pregadores que só pregam para grandes auditórios, que andam sempre acompanhados de seguranças e só se hospedam em hotéis cinco estrelas, exigindo pelas suas colossais apresentações polpudos cachês. A máscara do orgulho pode oferecer por um tempo uma sensação de poder, e quando cai, não se apenas se quebra, mas também reduz a pó àquele que a usou. A Bíblia diz que a soberba precede a ruína (Provérbios 16.18). O que se exaltar será humilhado (Mateus 23.12). Quem quiser ser o primeiro será o último (Marcos 9.35).

A máscara da piedade

A máscara da piedade atenta contra o próximo. Traímos o próximo quando apontamos um caminho pelo qual não andamos. Falseamos a verdade ao proclamarmos uma mensagem que nós mesmos não abraçamos. Ferimos o próximo quando condenamos nos outros um pecado que nós mesmos cometemos. Somos desonestos quando projetamos nos outros nossos erros. Tornamo-nos falsos quando condenamos nos outros o que nós mesmos fazemos. Os falsos piedosos são os mestres do pecado. Seus pecados são mais hipócritas e mais pérfidos. Mais hipócritas porque praticam em segredo aquilo que condenam em público. Eles engajam-se contra o pecado em público e o praticam às escondidas. E ficam escandalizados quando a máscara cai. Jesus disse que seria melhor amarrar uma pedra no pescoço e afogar-se no mar do que ser pedra de tropeço para alguém (Mateus 18.8). O escândalo é uma pedra de tropeço. Quando a máscara cai, muita gente fica decepcionada, perplexa e ferida. Outros se escandalizam e retrocedem no caminho, cheios de dúvidas e mágoas. 

Diótrefes, um soberbo exclusivista

“Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja. Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus.” (3 João 9-11).
Diótrefes se considerava o dono da igreja. Cada pessoa nova que chegava na igreja era vista como uma ameaça à sua liderança. Seu orgulho era tão doentio que não conseguia ter prazer em ver pessoas novas integrando-se na igreja: enxergava-as como rivais. Ele não abria mão de ocupar a primazia. Tudo estava na mão dele. Julgava-se o centro de todas as coisas. Dessa mesma forma alguns agem ainda hoje e pretendem governar a igreja de Deus com rigor, com despotismo e com insensibilidade, ainda que escondidos atrás de pesadas máscaras de uma falsa espiritualidade e de um santo zelo pelas tradições da igreja.

Soberba exclusivista dos pastores

Há muitos pastores que mostram uma soberba exclusivista, julgando que apenas eles possuem a verdade. Apenas os membros das igrejas que eles dirigem irão para o céu, e os de outras denominações irão para o inferno. Julgam-se mais santos, mais sábios, mais fortes que os outros. Condenam todos que não esposam suas ideias. Encastelam-se numa torre de marfim e olham a todos de cima para baixo. Desprezam os humildes, humilham os fracos, pisam os indefesos e constroem monumentos aos seus próprios nomes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Lição 12 – Exortações Gerais

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

3º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Tito 2.1-8

TEXTO ÁUREO: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade” (Tito 2.7).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos o capítulo 2 de Tito. Neste capítulo 2, Paulo se volta para a supervisão pastoral das comunidades cretenses, direcionando suas exortações a grupos selecionados por idade, sexo e posição social. Ele requer de cada um dos grupos um alto padrão de conduta. Ao requerer isso ele demonstra sua preocupação tanto com a boa reputação da igreja quanto com o avanço do evangelho num ambiente de moralidade duvidosa. Os crentes, principalmente os líderes, deveriam professar sua fé em Deus por meio da conduta. Os falsos mestres não viviam o que pregavam. Havia um abismo entre o que eles falavam e o que eles faziam. Tito deveria agir de forma diametralmente oposta aos falsos mestres. Não poderia haver contradição entre a teologia e a ética de Tito. Não poderia existir dicotomia entre o seu ensino e o seu comportamento. 

I. O MODO CORRETO DE FALAR DO LÍDER

1. “Fala o que convém à sã doutrina” (v. 1). Os falsos mestres não viviam o que pregavam. Pela própria conduta, eles negavam as grandes verdades da fé. Havia um abismo entre o que eles falavam e o que esses faziam. Quem pode mensurar o dano contra o testemunho cristão praticado por aqueles que professavam grande santidade, mas viviam uma mentira? A tarefa designada a Tito (e a todos os servos do Senhor) era falar [ensinar] “o que convém à sã doutrina”. Ele tinha de eliminar o terrível abismo existente entre o discurso e a vida do povo de Deus. Na realidade, esta é a ideia central da epístola: a maneira prática de viver a sã doutrina com boas obras. Tito 2.2-15 dá exemplos práticos do que essas boas obras deveriam ser.
Não basta à igreja assumir um papel crítico e denunciar as heresias dos falsos mestres e seu desvio de caráter; é preciso, sobretudo, proclamar a verdade. Combate-se a heterodoxia com a ortodoxia. Combate-se a heresia com a verdade. Em vez de Tito apenas ficar na retranca e na defesa contra os falsos mestres, deveria partir para o ataque, proclamando a sã doutrina.

2. Saber falar e saber ouvir. O Líder que é sábio:
a) Pensa antes de falar. Todos nós batalhamos contra a tentação de falar antes de pensar, talvez uma palavra áspera ou crítica usada desnecessariamente, talvez uma expressão de raiva ou ódio. Uma simples palavra mal empregada pode levar uma nação à beira da guerra, destruir uma amizade de toda a vida, desfazer uma família ou arruinar um casamento. Por isso, esta advertência de Tiago: "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tiago 1.19).
O que Tiago quer dizer com “tardio” é que devemos refletir primeiro, e não falar de imediato. É preciso saber a hora de falar e também o que falar. O que temos a dizer é verdadeiro? É oportuno? Edifica? Transmite graça aos que ouvem? Geralmente falamos antes de pensar, de ouvir, de orar, de medir as consequências. Devemos ter muito cuidado com isso, pois: "a morte e a vida estão no poder da língua..." (Pv 18.21). As palavras podem dar vida ou matar. Quem fala demais acaba caindo em pecado. Precisamos, pois, estar atentos sobre o que falamos, como falamos, quando falamos, com quem falamos e por que falamos. Davi orava a Deus e pedia: "Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!" (Sl 141.3).
Há um ditado popular que diz: “Em boca fechada não entre mosquito”. Falar sem pensar é consumada tolice. Responder antes de ouvir é estultícia. Proferir palavras torpes e desandar a boca para espalhar impropérios e maldades é perversidade sem tamanho. Esse não pode ser o caminho do justo. Uma pessoa que teme a Deus reflete antes de falar, sabe o que falar e como falar. Sua língua não é fonte de maldades, mas canal de bênção para as pessoas. Diz o sábio: “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos ímpios derrama em abundância coisas más” (Pv 15.28).
“Tardio para falar” e “pronto para ouvir” é sinal de sabedoria, de maturidade emocional e espiritual. Quem lidera tem que desenvolver a capacidade de escutar as pessoas, ainda que não concorde com elas.
b) Fala com temperança. Quem sabe conversar com calma demonstra inteligência. Quem ouve e analisa antes de emitir sua opinião, pode falar com mais eficácia. Diz o sábio: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1); “... a língua branda quebranta os ossos” (Pv 25.15). Aqui, o sábio nos mostra que não é a palavra branda que desvia o furor, mas a resposta branda. Isso é mais do que ação, é reação. Mesmo diante de uma ação provocante, a pessoa tem uma reação branda. É como colocar água na fervura e acalmar os ânimos. Em outras palavras, é ter uma reação transcendental. O oposto disso é a palavra dura e deselegante.

3. Integridade no falar. O crente deve ter uma linguagem sempre sadia e irrepreensível -“Linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.8).
Nos dias em que vivemos, em que "tudo é relativo", é preciso lembrar que o falar do crente deve ser sim, sim, não, não, e o que sai disto é de procedência maligna (Mt 5.37). Equivocam-se os faladores da atualidade que acham que suas palavras não são levadas em conta pelo Reto e Supremo Juiz. Não só nossas ações, mas também nossas palavras são levadas em conta diante de Deus. Tenhamos muito cuidado com o que falamos, pois tudo está sendo anotado perante o Senhor - “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt 12.36). Que possamos dizer como Jó: “Nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano” (Jó 27.4).
-  "Linguagem sadia e irrepreensível...". O púlpito não pode ser um palco em que o pregador usa piadas e gracejos inconvenientes e incompatíveis com a santidade da mensagem. Não apenas a mensagem é santa, mas também a forma de comunicá-la deve ser santa.
- "[...] para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito". A descrição que Paulo faz do adversário pode incluir os críticos pagãos do cristianismo, bem como os indivíduos indispostos dentro da comunidade. A melhor defesa contra os adversários é a completa integridade na pregação, tanto na forma quanto no conteúdo. Devemos ser zelosos quanto à doutrina e também quanto à forma pela qual ensinamos a doutrina, pois nossos adversários sempre buscarão motivos para nos acusar. Não podemos deixar brechas para o inimigo nos atacar.

II. EXORTAÇÕES AOS IDOSOS, AOS JOVENS E SERVOS

1. Como os idosos devem portar-se. “Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância” (v. 2). Os homens idosos são citados primeiro, porque deveriam ser os pioneiros a aplicar a sã doutrina. A vida deles deveria recomendar a doutrina que professavam. Os homens idosos deveriam demonstrar quatro virtudes cardeais: 
a) Deveriam ser “temperantes”, ou seja, ter domínio próprio. Aqui, a palavra “temperante” tem a ver com o domínio do vinho. A palavra grega traduzida para temperante significa literalmente “sóbrio”, em contraposição a ser muito indulgente com o vinho. Trata-se de uma pessoa que tem seus apetites sob controle. A falta de disciplina e de limites em qualquer área da vida e o uso imoderado do vinho causavam muitos transtornos na comunidade cristã da ilha de Creta. “Os prazeres desenfreados custam muito mais do que valem”.
b) Deveriam ser “respeitáveis”, ou seja, ter reputação aprovada. Trata-se de uma pessoa que tem vida ilibada, caráter impoluto, bom testemunho dos de fora. É uma pessoa que não tem brechas no escudo da sua fé. Alguém que não pode ser acusado de escândalo.
c) Deveriam ser “sensatos”, ou seja, ter equilíbrio nas atitudes. Trata-se daquela pessoa que mede suas palavras, seus gestos, suas ações e suas reações. É aquele homem que vive sob controle, que sabe governar cada instinto e paixão.
d) Deveriam ser “sadios na fé, no amor e na constância”, ou seja, ter maturidade espiritual. Fé, amor e esperança são a trilogia neotestamentária da maturidade cristã. A maturidade cristã tem a ver com a teologia que abraçamos, com o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos e, também, com a maneira que nos comportamos diante das pressões da vida.

2. As mulheres idosas devem ser exemplo para as mais novas. “As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem” (v. 3).
Paulo destaca duas coisas importantes que devem caracterizar as mulheres idosas:
a) Elas devem ser cuidadosas quanto à maneira de viver - “Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho”.
Aqui, Paulo mostra dois aspectos: positivo e negativo.
- Quanto ao aspecto positivo, as mulheres idosas devem ter um procedimento irretocável, exemplar: ”... sérias em seu proceder...”. A idade avançada torna a pessoa mais responsável.
- Quanto ao aspecto negativo, as mulheres idosas devem evitar dois sérios pecados:
·       O pecado da calúnia – “não caluniadoras...”. As mulheres idosas não devem falar mal pelas costas nem ser boateiras. Nada é mais pernicioso para a vida da igreja do que o pecado da língua. Tiago diz que a língua é fogo e veneno. A língua fere, destrói e mata (Tg 3.1-10). Salomão diz que "a morte e a vida estão no poder da língua" (Pv 18.21). Podemos matar ou dar vida a um relacionamento dependendo da maneira pela qual nos comunicamos.
·     O pecado da embriaguez – “... não escravizadas a muito vinho”. A embriaguez é um vício degradante em todas as pessoas, mas quando mulheres que deveriam ser exemplo de conduta capitulam-se à embriaguez, isso se constitui num terrível escândalo.
b) Elas devem ser cuidadosas quanto a maneira de ensinar – “sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos” (Tt 2.3b,4). As mulheres idosas deveriam não apenas praticar o bem, mas ser mestras do bem. Deveriam não apenas ser exemplo, mas também instruir as jovens recém-casadas a amar seus maridos e filhos. Esse ensino desenrola-se na dinâmica da vida.
A igreja precisa tanto dos mais velhos quanto dos mais jovens, e uns devem ministrar aos outros. É importante destacar que a instrução só pode acontecer onde existe comunicação e comunhão. É preciso construir pontes de comunicação entre os idosos e os jovens. O conflito de gerações precisa ser resolvido antes que a instrução logre êxito.

3. Os jovens cristãos (v. 6). Os jovens devem ser exortados a serem criteriosos em tudo. O próprio Tito deveria se encarregar desse trabalho de encorajar os jovens a viver um alto padrão. Juventude não é sinônimo de imaturidade. O padrão para os jovens não é inferior nem eles estão isentos da responsabilidade de viver de forma cuidadosa em todas as áreas da vida (1 Tm 4.12).
Paulo não incitou Tito a ensinar as mulheres jovens. Em nome da discrição, esse ministério é confiado às mulheres idosas. Tito, porém, é aconselhado a exortar os jovens, e a advertência específica é que eles sejam criteriosos e tenham autocontrole. Paulo está pensando no controle de temperamento e da língua, da ambição e da avareza, e especialmente dos apetites carnais, inclusive compulsões sexuais, de modo que o jovem cristão permaneça dentro do imutável padrão cristão de castidade antes do casamento e de fidelidade depois dele.
Trata-se de um conselho apropriado, considerando que a juventude é um período cheio de entusiasmo, de energia turbulenta e de impulsos ardentes. Em todas as áreas da vida, eles precisam aprender o controle e o equilíbrio.
- José do Egito se manteve puro mesmo quando a mulher de Potifar o abordou, e isso ocorreu várias vezes. Ele preferiu ser preso numa masmorra e manter sua consciência livre e pura a viver em liberdade, mas prisioneiro do pecado. A mais sombria de todas as masmorras é a prisão da culpa. Não há remédio humano que possa aliviar a dor da culpa. José preferiu ser um prisioneiro livre a ser um livre prisioneiro.
- O profeta Daniel resolveu firmemente no seu coração não se contaminar, mesmo quando ainda era um adolescente.
Os dois, José e Daniel, só puderam liderar eficazmente outras pessoas porque antes dominaram a si mesmos. Ninguém pode servir a outros até que tenha dominado a si mesmo. A Bíblia diz que melhor é "[...] o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade" (Pv 16.32).

III. O BOM EXEMPLO EM TUDO

1. Bom exemplo (vv. 7,8). A vida do líder é a vida da sua liderança. Ele ensina não apenas com palavras, mas, sobretudo, com exemplo. Os falsos mestres dizem e não fazem, mas os mestres da verdade devem dizer e fazer. Dizer e não fazer é hipocrisia. Nós precisamos de modelos; eles nos dão direção, desafios e inspiração. Paulo se ofereceu como exemplo para a igreja de Corinto (1 Co 11.1). Ele deu ordens a Timóteo a ser padrão dos fiéis (1 Tm 4.12). Agora, ordena a Tito a ser padrão para os crentes na prática de boas obras (Tt 2.7). Nós precisamos de modelos vivos. Precisamos de líderes que preguem aos ouvidos e aos olhos. Que falem a sã doutrina e também demonstrem a verdade que pregam com o seu modo de viver. O ensino e o exemplo, o verbal e o visual, sempre formam uma combinação poderosa.

2. Incorrupção da doutrina. Paulo diz que deve haver um estreito paralelo entre a doutrina e o comportamento de Tito. Seu ensino deve se caracterizar pela integridade. Integridade significa que o ensino deve corresponder à fé entregue aos santos definitivamente. “Incorrupção” ou “incorruptibilidade” tem a ver com o pastor sincero que não pode ser corrompido do caminho da verdade. Infelizmente, hoje, temos visto igrejas que “vendem” bênçãos por dinheiro, utilizam manipulação psicológica para arrecadar mais recursos das pessoas; fazem “curas” e “milagres”, em troca do vil metal. Isso é corrupção. Isso é uma vergonha!

3. Gravidade e sinceridade. “gravidade e sinceridade (v7)” indicam um ensino com reverência, para que as palavras de Tito fossem respeitadas e levadas a sério. Reverência denota um alto tom moral na exposição da sã doutrina. Um pregador irreverente é uma contradição. A vida do pregador não pode estar em oposição à sua mensagem. Muitos escândalos têm perturbado a igreja do Senhor Jesus, ao longo da história, por causa de comportamento irresponsável e vulgar de alguns obreiros.
Completando a lista de recomendações, Paulo diz que Tito deve ter “linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”(Tt 2.8). Tito deveria estar acima de quaisquer críticas sobre a maneira como ele ensinava. Devido ao seu papel exclusivo em Creta, a sua vida deveria exibir um grau admirável de correção. Ele estaria exposto constantemente. Cada palavra de Tito seria avaliada de modo que ele continuasse acima de censuras ou condenações. A sua vida exemplar, os seus ensinos e a sua linguagem envergonhariam aqueles que pudessem desejar dizer mal dele. Isso se aplica a todos aqueles que estão em evidência na obra do Senhor, principalmente aqueles que se dedicam ao espinhoso ministério do ensino.

CONCLUSÃO

Uma igreja local é a materialização da igreja visível. Nela, podem-se observar os diversos tipos de pessoas que aceitam a Cristo, de verdade ou não. Os que são crentes verdadeiros demonstram ser novas criaturas pelo seu porte, testemunho e por suas obras. Os que são falsos crentes também se revelam por seu caráter, expresso em sua conduta. A Palavra de Deus é o referencial para todo comportamento cristão, em todas as faixas etárias da vida.

REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
http://luloure.blogspot.com.br/
LIMA, Elinaldo Renovato de. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Rio de janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. São Paulo: Hagnos, 2009.
OLIVEIRA, Temóteo Ramos de. Manual do Visitador Cristão. Rio de janeiro: CPAD, 2005.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.


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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

TRÊS CLASSES MAIS DESACREDITADAS DA NAÇÃO

A igreja perdeu a capacidade de influenciar, pois está como o sal sem sabor que provoca náuseas, em vez de apetite. A igreja está sendo mais conhecida na mídia pelos seus escândalos do que pela sua piedade. Em recente pesquisa em nosso país, foi constatado que as três classes mais desacreditadas da nação são os políticos, os policiais e os pastores. Aqueles que deveriam ser a maior referência de caráter na nação estão se tornando em pedras de tropeço, cometendo escândalos os mais vergonhosos.

CONVERTIDO ou CONVENCIDO

As pessoas entram para a igreja, mas não transformadas. Elas se se tornam evangélicas, mas não nasceram de novo. O caráter não é transformado. Elas não se tornam novas criaturas. A vida não muda, a família não muda, a conduta não muda. Elas continuam construindo sobre a areia. Isso porque o evangelho não está mais presente nos púlpitos como verdade absoluta. Os pregadores estão falando mais de autoajuda do que da ajuda do alto. Eles pregam mais sobre o que o homem pode alcançar do que sobre a gloriosa obra da graça de Deus a favor do homem. Na verdade, os pregadores estão atrás de aplausos e riqueza, em vez de buscarem a glória de Deus e a salvação dos perdidos.

A máscara da piedade

“Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.” (Mateus 18.6).


A máscara da piedade atenta contra o próximo. Traímos o próximo quando apontamos um caminho pelo qual não andamos. Falseamos a verdade ao proclamarmos uma mensagem que nós mesmos não abraçamos. Ferimos o próximo quando condenamos nos outros um pecado que nós mesmos cometemos. Somos desonestos quando projetamos nos outros nossos erros. Tornamo-nos falsos quando condenamos nos outros o que nós mesmos fazemos. Os falsos piedosos são os mestres do pecado. Seus pecados são mais hipócritas e mais pérfidos. Mais hipócritas porque praticam em segredo aquilo que condenam em público. Eles engajam-se contra o pecado em público e o praticam às escondidas. E ficam escandalizados quando a máscara cai. Jesus disse que seria melhor amarrar uma pedra no pescoço e afogar-se no mar do que ser pedra de tropeço para alguém (Mateus 18.6). O escândalo é uma pedra de tropeço. Quando a máscara cai, muita gente fica decepcionada, perplexa e ferida. Outros se escandalizam e retrocedem no caminho, cheios de dúvidas e mágoas. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Lição 11 – A Organização de uma Igreja Local

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

3º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Tito 1.4-14

TEXTO ÁUREO: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei.” (Tito 1.5).

INTRODUÇÃO
Em continuidade ao estudo das “Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais”, estudaremos a partir desta Aula a Epístola de Tito. Esta é a mais breve das três cartas pastorais escritas pelo apóstolo Paulo. Tito foi incumbido de pôr em ordem o que Paulo deixara inacabado nas igrejas de Creta, inclusive a instituição de presbíteros nessas igrejas (Tt 1.5); ajudar as igrejas a crescerem na fé, no conhecimento da verdade e em santidade (Tt 1.1); e silenciar falsos mestres que perturbavam a fé dos cristãos dessa ilha. Ele, na condição de presbítero supervisor, deveria estabelecer igrejas "de cidade em cidade", ministrar a palavra de edificação e advertência contra os falsos cristãos, repreendendo-os de modo veemente. Não era fácil a missão de Tito.

I. A EPÍSTOLA ENVIADA A TITO

1. O intento da Epístola. O principal intento desta Epístola é dar conselhos e orientar ao jovem pastor Tito a respeito dos seguintes temas:
a) A organização das igrejas (Tt 1.5). Muitas coisas estavam fora de lugar nas igrejas de Creta. Tito foi deixado lá para colocá-las em ordem. Essas coisas incluíam o ensino da sã doutrina, a aplicação da disciplina, o combate aos falsos mestres e a instrução da sã doutrina aos crentes.
b) A liderança das igrejas (Tt 1.5-9). Paulo tinha uma solene preocupação com o governo da igreja. Uma igreja bíblica precisa ter líderes sãos na fé e na conduta. Paulo deixa claro que o objetivo supremo do governo da igreja é a preservação da verdade revelada.
c) O combate aos falsos mestres e às falsas doutrinas (Tt 1.10-16). A liderança da igreja precisa vigiar para que os lobos que estão do lado de fora não entrem; nem os lobos vestidos de peles de ovelha, disfarçados dentro da igreja, arrastem após si os discípulos (At 20.29-31).
d) O ensino da sã doutrina (Tt 2.1). A igreja não deveria ficar apenas na defensiva, combatendo os falsos mestres, mas deveria, sobretudo, engajar-se no ensino da sã doutrina.
e) A promoção da ética cristã (Tt  2.2-10). Paulo dá orientações claras para os líderes e para os liderados. As prescrições apostólicas contemplam os idosos, os recém-casados, os jovens e os servos. Não é suficiente ter doutrina sã, é preciso também ter vida santa. A doutrina sempre deve converter-se em vida. Quanto mais conhecemos a verdade, tanto mais deveríamos viver em santidade.
f) A prática das boas obras (Tt 2.11-14; 3.8,14). Não somos salvos pelas boas obras, mas demonstramos nossa salvação por meio delas. A salvação é pela fé somente, mas a fé salvadora nunca vem só; ela é acompanhada das boas obras. A fé é a causa; as boas obras são o resultado da salvação. As nossas boas obras não nos levam para o céu, mas nos acompanham para o céu (Ap 14.13).
g) A submissão às autoridades (Tt 3.1-11). A ilha de Creta havia sido subjugada por Roma em 67 a.C., e desde então permaneceu resistente ao jugo colonial romano. Paulo já havia destacado a atitude insubordinada dos cretenses (Tt 1.10,16). Agora, Tito deveria orientar os cristãos de Creta a serem submissos aos seus governantes. A obediência dos cristãos como cidadãos deveria ornar a doutrina que pregavam.
O cristão tem dupla cidadania: é cidadão do céu e também do mundo. Ele deve obediência a Deus e também às autoridades constituídas. Duas coisas são exigidas do cristão em relação às autoridades:
- Em primeiro lugar, submissão (Tt 3.1). Aqueles que governam são autoridades constituídas pelo próprio Deus e devem ser respeitados e obedecidos. A obediência civil é responsabilidade do cristão. Ele não pode ser anarquista nem agitador social, uma vez que resistir à autoridade é insurgir-se contra o próprio Deus que a constituiu.
- Em segundo lugar, obediência (Tt 3.1). A submissão implica obediência e cumprimento dos deveres. O cristão deve ser cooperativo nos assuntos que envolvem toda a comunidade, uma vez que a cidadania celestial (Fp 3.20) não o isenta de suas responsabilidades como cidadão da terra.

2. Data em que foi escrita. Devido à semelhança dos temas e da linguagem, os conservadores creem que Tito foi escrito por volta do mesmo período ou um pouco depois de 1 Timóteo. De qualquer modo, o livro foi escrito entre 1 e 2 Timóteo, e não depois de 2 Timóteo. Embora seja impossível fixar uma data exata, é provável que tenha sido entre 64 e 66 d.C. O lugar possível de origem é a Macedônia.

3. Um viver correto. Uma vez que os crentes novos convertidos eram egressos do paganismo, a igreja nascente estava enfrentando muitas dificuldades, tanto externas quanto internas. A ilha de Creta era uma região altamente marcada pela devassidão moral e pela disseminação de muitas heresias. As igrejas, ainda incipientes, corriam sérios riscos de ser atacadas por esses perigos morais e espirituais. Somente sob uma liderança bíblica e moralmente sadia a igreja poderia resistir a esse cerco ameaçador. Provavelmente, Paulo esteve na ilha de Creta na companhia de Tito no intervalo entre suas duas prisões em Roma. Depois da sua partida, Satanás se esforçou não só para derrotar o governo da igreja, mas também para corromper a fé dos novos convertidos com falsas doutrinas. Por isso, Paulo urge em mandar Tito para tratar da ordem na igreja e exigir que os irmãos vivam de maneira correta e santa. A santificação - sem a qual ninguém verá a Deus (Hb 12.14) - é um processo gradual e contínuo que conduz ao aperfeiçoamento do caráter e da vida espiritual do crente, tornando-o participante da natureza divina (2Pe 1.4).

II. O PASTOR PRECISA PROTEGER O REBANHO DE DEUS

1. Qualificação dos pastores. As características do presbítero exaradas neste texto têm mais a ver com a vida dele do que com o seu desempenho. A vida do líder é a vida da sua liderança. A vida precede o ministério e é sua base. Portanto, ele precisa ser irrepreensível.
O retrato que Paulo traça do presbítero (Tt 1.6) ou bispo (1.7) é emoldurado pela irrepreensibilidade. O presbítero não pode deixar brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e sua reputação pública precisa ser inquestionável.
Pelo texto, o presbítero precisa ser irrepreensível em três áreas distintas:
A) IRREPREENSÍVEL COMO LÍDER DE SUA FAMÍLIA - Tt 1.6
Nesta área, ele precisa ser irrepreensível em dois pontos vitais:
1) Como marido de uma mulher. Marido de uma só mulher quer dizer marido fiel à sua esposa, ou seja, um homem livre de qualquer suspeita quanto à sua relação matrimonial, íntegro em sua conduta conjugal.
2) Irrepreensível como pai. O presbítero precisa ser o sacerdote do seu lar, o líder espiritual da sua família. Deve criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor. Se o presbítero não sabe governar a própria casa, como poderá governar a igreja de Deus?, pergunta o apóstolo Paulo (1Tm 3.4,5). Obviamente isso se aplica aos filhos que vivem com a família sob a autoridade do pai.
B) IRREPREENSÍVEL COMO DESPENSEIRO DE DEUS - Tt 1.7,8
Neste aspecto, Paulo aborda o assunto sob duas perspectivas: primeiro, ele trata do aspecto negativo, isto é, o que um presbítero não deve ser; segundo, do aspecto positivo, isto é, o que o presbítero deve ser e ter. Vejamos, em resumo, estes aspectos.
B1) ASPECTOS NEGATIVOS - defeitos que o presbítero não deve ter. O presbítero não deve ser:
1) Soberbo. Soberba é aquela pessoa que exalta a si mesma, que só se preocupa consigo mesma e olha para os outros com discriminação e desprezo.
2) Iracundo. A Bíblia não classifica toda ira como pecado (Ef 4.26); o que ela condena é o homem genioso, esquentado, de estopim curto, que, além de irar-se com facilidade, também fica remoendo por longo tempo a sua ira. Um homem que nutre mágoas e ressentimentos em seu coração definitivamente não está preparado para exercer o presbiterato.
3) Dado ao vinho. O apóstolo Paulo é claro quando escreve aos efésios: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
4) Violento. Trata da violência tanto verbal quanto física. Aquele que governa os outros precisa governar primeiro suas emoções, ações e reações.
5) Cobiçoso de torpe ganância. Os cretenses eram conhecidos como indivíduos inveteradamente gananciosos (Tt 1.10-13). Alguém disse que eles se apegavam ao dinheiro como as abelhas ao mel. Os presbíteros precisam ser homens despojados dessa torpe ganância (Tt 1.7). Veja a recomendação do apóstolo Pedro: “Aos presbíteros que estão entre vós, ad­moesto eu, que também sou presbítero... apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele...não por torpe ganância...” (1 Pe 5.1,2).
B2) ASPECTO POSITIVO – o que o presbítero deve ser e ter. O presbítero deve ser conhecido pelo que ele é e faz. Ele deve ornar o seu caráter como despenseiro de Deus com as seguintes virtudes:
1) Deve ser hospitaleiro. A hospitalidade na igreja primitiva era uma necessidade vital para o avanço missionário da igreja. Sem hospitalidade os missionários itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais, nos primeiros dois séculos da era cristã não havia templos, por isso, as igrejas reuniam-se em casas (Rm 16.5; 1 Co 16.19; Fm 2). Hoje, esta prática está em desuso. Todavia, quando a hospitalidade for estritamente necessária, a recomendação é clara: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade” (Hb 13.1,2).
2) Deve ser amigo do bem. O presbítero precisa ser um homem amante das boas ações. Ele não tem prazer mórbido de falar mal dos outros, mas tem grande deleite em dizer o bem das pessoas. Ele não apenas chora com os que choram, mas também se alegra com os que se alegam.
3) Deve ser moderado. O presbítero deve ter o domínio completo sobre suas paixões e desejos, o que impede de ir além do que a lei e a razão lhe permitem e aprovam. Explicando melhor, o presbítero precisa ter equilíbrio, domínio próprio, autocontrole. Só se consegue ser assim com a unção do Espírito sobre sua vida (ler Ec 9.8).
4) Deve ser justo. O presbítero é um homem que não usa dois pesos e duas medidas. Ele não faz acepção de pessoas nem tolera preconceitos. Ele é justo no falar e no agir.
5) Deve ser piedoso, santo. Deus não usa grandes talentos, mas homens piedosos. Nós estamos à procura de melhores métodos, e Deus está à procura de melhores homens. Deus não unge métodos, unge homens piedosos.
6) Deve ter domínio próprio. Ninguém está apto para liderar os outros se não tem domínio de si mesmo. Aquele que domina a si mesmo é mais forte do que aquele que domina uma cidade.
C) IRREPREENSÍVEL COMO MESTRE DA PALAVRA - Tt 1.9.
Nesta etapa é tratada a relação do presbítero com a igreja local. Refere-se ao ministério de ensino da Palavra de Deus. Paulo menciona três coisas importantes:
(1) O presbítero precisa demonstrar fidelidade doutrinária. “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina...". O presbítero precisa ser um estudioso das Escrituras. Ele precisa afadigar-se na Palavra (1 Tm 5.17). Paulo diz que os presbíteros têm dois ministérios com respeito à Palavra de Deus: (a) edificar a igreja pela sã doutrina; (b) rejeitar os falsos mestres que espalham doutrinas perniciosas.
(2) O presbítero precisa demonstrar capacidade para o ensino. Paulo prossegue: “para que seja poderoso... para admoestar com a sã doutrina...". A capacidade para exortar não vem da força, das técnicas da psicologia nem mesmo do ofício que o presbítero ocupa, mas do conhecimento da verdade para aplicar corretamente as Escrituras. A exortação não é fruto de capricho ou opinião pessoal do presbítero, mas do reto ensino das Escrituras. Sua exortação está fundamentada no reto ensino da verdade.
(3) O presbítero precisa demonstrar habilidade na apologética. Paulo diz que o presbítero precisa ser “[...] poderoso [...] para convencer os contradizentes”. Somente um indivíduo que tem destreza na verdade pode confrontar os falsos mestres, combater os falsos ensinos e convencer aqueles que contradizem a Palavra de Deus.
Essas são as qualificações dos líderes espirituais na igreja local. Deve-se notar que nada se diz sobre proezas físicas, realizações educacionais, posição social ou habilidade nos negócios. Uma pessoa simples pode ser presbítero qualificado pela boa reputação espiritual e o seu caráter notório. O verdadeiro pastor está profunda e vitalmente envolvido na vida espiritual da igreja pelo ensinamento, exortação, encorajamento, repreensão e correção.

2. Crentes, porém, problemáticos. Depois de falar dos atributos dos verdadeiros mestres, Paulo passa a descrever as características dos falsos mestres. Havia muitos falsos mestres, especialmente os da circuncisão, ou seja, os judaizantes. Paulo menciona duas facetas desses falsos mestres:
- Eles eram desordenados [insubordinados] (1.10). Os falsos mestres eram rebeldes e falastrões. Enquanto os presbíteros se colocavam debaixo da autoridade das Escrituras, eles se insurgiam contra ela e faziam isso com palavras insolentes e vazias. Os falsos mestres se negavam a obedecer à sã doutrina e à liderança constituída da igreja.
- Eles eram enganadores (1.10). A vida deles era errada e a doutrina deles era falsa. Suas palavras não produziam nenhum benefício espiritual. Ao contrário, privavam as pessoas da verdade e as induziam ao erro. Em vez de levar os homens à verdade, esses falsos mestres os faziam afastar-se dela. Em vez de firmar as pessoas na fé, os desviavam dela. Os principais encrenqueiros eram “os da circuncisão”, isto é, os mestres judeus que professavam ser cristãos e ainda assim insistiam em que os cristãos deveriam ser circuncidados e observar os ritos judaicos para poder ser salvo. Tratava-se da negação prática da autossuficiência da obra de Cristo.

3. Não dar ouvidos a ensinos falsos. “Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância” (Tt 1.11). Paulo, aqui, trata da influência dos falsos mestres referido no versículo anterior. Esses falsos mestres eram itinerantes que saíam de casa em casa espalhando o veneno letal de sua falsa doutrina, tentando embaraçar os novos convertidos com seu falacioso e enganoso ensino. Segundo Hernandes Dias Lopes, o ensino desses falsos mestres era fundamentalmente transtornador em vez de ser transformador. Eles não buscavam os pagãos nem queriam fazer discípulos entre os que viviam perdidos na mais tosca imoralidade (cf Tt 1.12), mas iam atrás daqueles que haviam abraçado a fé cristã para desviá-los da sã doutrina. Andavam de casa em casa, ensinando suas heresias, interessados não na vida espiritual das pessoas, mas no seu dinheiro. Eles usavam a religião para encher o próprio bolso. O vetor desses falsos mestres era o dinheiro e o lucro. Não eram pastores do rebanho, mas lobos que procuravam devorar as ovelhas. Homens como esses era preciso “tapar a boca”. Eles deviam aprender que a igreja não é uma democracia anarquista e que há limite na liberdade de expressão. Eles tinham pervertido “casas inteiras”. Isso sugere que eles estavam sorrateiramente propagando doutrinas perniciosas. Esse é o método preferido das seitas (2 Tm 3.6). Ainda hoje as seitas heréticas seguem a mesma trilha.

III. A PERCEPÇÃO DA PUREZA PARA OS PUROS E PARA OS IMPUROS

1. Tudo é puro para os puros (v.15). “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão contaminados”.
Este versículo nada tem a ver com as coisas pecaminosas em si e condenadas na Bíblia. Este provérbio deve ser entendido à luz do contexto. Pelo contexto, percebemos que Paulo aplica essa declaração aos alimentos e devemos ter cuidado para não generalizar. Estaremos em apuros se retirarmos do contexto as palavras “todas as coisas são puras para os puros” e as tomarmos como uma declaração de verdade absoluta em todas as áreas da vida.
Paulo não estava falando de questões de moralidade concreta, de coisas inerentemente certas ou erradas. Ele estava discutindo questões moralmente neutras, coisas que eram corrompidas para o judeu que vivia sob a lei, mas perfeitamente legítimas para um cristão que vivia debaixo da graça. O exemplo, comer carne de porco era proibido ao povo judeu do Antigo Testamento, mas o Senhor Jesus mudou tudo quando disse que nada que entra no homem pode contaminá-lo (Mc 7.15). Ao dizer isso, ele considerou puros todos os alimentos (Mc 7:19). Paulo ecoou essa verdade ao afirmar: “Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Co 8.8).

2. Nada é puro para os impuros (v. 15). Quando Paulo diz: “Todas as coisas são puras para os puros”, ele quer dizer que para o cristão nascido de novo todos os alimentos são puros, mas “para os impuros e descrentes nada é puro”. Não é o que o homem come que o contamina, mas o que são de seu coração (Mc 7.20-23). Se a vida interior do homem é impura, se ele não tem fé no Senhor Jesus, nada é puro para ele.
Muitas pessoas têm inescrupulosamente usado esse texto para justificar comportamentos reprováveis, vendo, ouvindo e manuseando coisas vergonhosas. O cristão que se entrega a práticas eróticas pecaminosas e diz que são puras porque seu coração é puro usa a Palavra de Deus como desculpa para pecar. Pedro refere-se a isso ao afirmar que “deturpam as Escrituras para a própria destruição deles” (2 Pedro 3.16).

3. Conhecem a Deus, mas o negam com as atitudes (v. 16). “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda boa obra”.
Aqui, Paulo diz que os falsos mestres, ou seja, os judaizantes, professam conhecer a Deus, entretanto, o negam por suas obras. Eles apresentam-se como cristãos, mas a prática não condiz com a confissão. Para ampliar sua sagaz repreensão, o apóstolo os denuncia como “abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra”. O comportamento deles era abominável.
Cada crente deve representar o Senhor Jesus aqui na Terra, devendo ser uma cópia do Salvador e mostrar Cristo ao mundo. Essa é uma tremenda responsabilidade.
Alguém disse que Deus tem um sobrenome. Ele foi chamado o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Ele não se sentia envergonhado de ser o Deus destes homens (Hb 11.16b). Como é que Deus se sentiria se tivesse o meu nome como o Seu sobrenome? É bom enfatizar que o crente está sob vigilância constante. Quando falamos do nosso Salvador e da vida que Ele nos oferece, tudo o que dizemos é filtrado através daquilo que os outros observam em nós.
A causa do Cristianismo tem sido mais prejudicada pelos seus seguidores do que pelos seus oponentes, porque o mundo compara frequentemente a profissão de fé de um cristão com a prática da mesma. Dizem, com uma certa razão, que se o Cristianismo é aquilo que nós defendemos ser, então as nossas vidas deveriam ser diferentes. Quantas vezes Cristo é difamado por “políticos cristãos” de linguagem vulgar, compromissos duvidosos, associações obscuras? É incalculável a desonra causada ao nome de Jesus.
Aqueles, dentre nós, que defendem o título de cristão, têm obrigação de agir em conformidade com ele. “É contraditório alguém dizer que crê, e agir como se não cresse”. “A nossa conduta revela a nossa fé e o nosso relacionamento com Deus”.

CONCLUSÃO
A Igreja é um organismo vivo, e é organizada. Assim sendo, é necessário que nela haja ordem e, por conseguinte, progresso, mesmo porque o seu arquiteto é o próprio Deus Todo-Poderoso – o qual não é de confusão, mas de ordem -, que a arquitetou antes mesmo da “fundação do mundo para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1.3,4). Todavia, é bom ressaltar que Jesus não fundou uma organização eclesiástica e nem estrutural. Ele criou um organismo vivo, com a Sua presença, em obediência a princípios divinos, a fim de prevalecer sobre o império das trevas e da maldade. Mas com o cresci­mento da Igreja, fez-se sentir a necessidade de haver uma estrutura organizacional administrativa e eclesiástica, de recrutar pessoas dedicadas para ajudarem nas tarefas espirituais e sociais da mesma. E onde há pessoas servindo deve haver quem as lidere, para que o seu serviço seja harmonioso e sem atropelos.

REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
http://luloure.blogspot.com.br/
LIMA, Elinaldo Renovato de. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Rio de janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. São Paulo: Hagnos, 2009.
OLIVEIRA, Temóteo Ramos de. Manual do Visitador Cristão. Rio de janeiro: CPAD, 2005.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.


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